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8.11.05

ALIANÇA TERAPÊUTICA

Há uns dias um amigo confessava-me os seus receios quanto à possibilidade de partilhar com um psicoterapeuta os seus segredos familiares. “Não sei se me sentirei à vontade. E se eu chegar lá e não for capaz de dizer nada?” – desabafava ele.

Considerei que as suas dúvidas eram absolutamente legítimas. Afinal, a ideia de conversar com um estranho acerca da nossa própria intimidade não é tarefa fácil. Esta capacidade está inequivocamente associada à dor provocada pelos problemas que levam determinada pessoa a pedir ajuda especializada, mas depende, em grande medida, da confiança que o terapeuta transmite.

A aliança terapêutica é um conceito construído ao longo das primeiras consultas. Dela depende o sucesso do próprio processo terapêutico.

“E como é que eu sei se o psicólogo a que eu vou é de confiança?”, perguntava, também com legitimidade, o meu amigo. Propus-lhe que começasse por falar sobre o princípio “das dores”, ou seja, sobre o momento a partir do qual, do seu próprio ponto de vista, terão começado os problemas (o equivalente ao aparecimento dos primeiros sinais e sintomas na Medicina Geral). “Depois, ele/ela encarregar-se-á de conduzir a conversa” – disse-lhe eu.

O meu amigo lá conseguiu ir à primeira consulta. Ficou satisfeito e contou-me: “Sabes o que é que mais me agradou? É que a psicóloga compreendeu exactamente o que é que eu quis dizer e eu consegui perceber de forma clara como é que ela me vai ajudar”. Fiquei feliz pelo meu amigo e não resisti a escrever estas linhas sobre a importância da aliança terapêutica.

Ao contrário do que os leigos possam pensar, o sucesso de um processo psicoterapêutico não depende apenas da competência técnica do psicólogo. O mais importante para quem recorre a este tipo de consultas é a empatia e a confiança. E se estes pilares não estiverem presentes, vale a pena considerar a hipótese de recorrer a outro técnico.

O bom psicólogo não deve ser amigo dos seus utentes (caso contrário, não haveria problemas no facto de o meu amigo ser acompanhado por mim), mas deve ser capaz de proporcionar um ambiente de confiança. Para isso, é importante ouvir atentamente, procurar empatizar com o sofrimento de cada pessoa, falar numa linguagem que lhe seja acessível e dar feedback relativamente ao que ali é partilhado.

Não concebo a ideia de receber no meu consultório pessoas dispostas a partilhar a sua intimidade e, no final, deixá-las sair sem uma resposta. Não sou “um ombro amigo”, sou uma catalisadora das mudanças pretendidas pela pessoa /pelo casal / pela família.
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