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15.10.14

DIVÓRCIO CONFLITUOSO COM FILHOS


Passo a maior parte do meu tempo a ajudar casais a salvar a sua relação mas também recebo com frequência pedidos de ajuda de quem está em processo de divórcio. Não estou a falar de quem ainda não tomou a decisão. De quem tem dúvidas se há-de ir embora ou ficar. Refiro-me a homens e mulheres que assumem o fim da relação e que enfrentam dificuldades em concretizar este passo.

A dificuldade número um tem a ver com os filhos. Felizmente, no meio do caos e da perda, há quem coloque as necessidades afetivas dos filhos em primeiro lugar. Há quem se preocupe genuinamente em garantir que as crianças/ adolescentes sofram o menos possível. Infelizmente, nalguns casos a perda é tão avassaladora que um dos progenitores não é capaz de se centrar no bem-estar dos filhos. E é muitas vezes quando essa incapacidade se traduz numa espécie de guerra que o outro progenitor decide pedir ajuda.


Mas há muito que possa ser feito:

ACEITE AS EMOÇÕES DO SEU EX-CÔNJUGE. Não vale a pena ignorar o óbvio: o divórcio implica uma perda brutal e há um luto que tem de ser feito. As manifestações de carinho podem ter desaparecido há anos. O diálogo pode ser praticamente inexistente. Isso não significa que os dois membros do (ainda) casal já se tenham divorciado emocionalmente. De um modo geral, há um que toma a iniciativa e há outro que continua a sentir-se ligado. E essa pessoa tem direito a sentir raiva e tristeza. Tem direito aos seus momentos de desespero. Isso não significa que todos os seus comportamentos sejam legítimos. Não significa que todas as birras sejam aceitáveis. Mas na medida em que você não contra-atacar e der o seu melhor no sentido de se mostrar solidário com o que a outra pessoa está a sentir, é mais provável que o clima de guerra abrande.

NÃO TENTE SER AMIGO DO SEU EX-CÔNJUGE. Algumas pessoas são capazes de “arrumar” as suas emoções enquanto ainda estão casadas. Tanto que se sentem capazes de manter uma relação próxima com o ex-companheiro. Mas é fundamental dar espaço para que a outra pessoa se desligue, para que complete o seu luto. Se esse espaço não existir, podem existir falsas esperanças, que acabarão por minar a comunicação.

SEJA CLARO NA IDENTIFICAÇÃO DAS SUAS PRIORIDADES. Se a sua prioridade é garantir o bem-estar dos seus filhos, procure ser muito claro na defesa desses interesses. Por exemplo, você pode achar que é importante conversar com as crianças para comunicar a decisão. Mas aos olhos do seu ex-companheiro esse passo pode ser visto como uma aceleração do processo, pelo que é possível que tente adiá-lo tanto quanto puder. Não é por mal. É apenas um mecanismo de defesa: uma crença irracional de que você possa voltar atrás. Procure centrar-se nas crianças e chamar a atenção do seu ex-companheiro para o poder que ambos têm no sentido de continuar a zelar pela estabilidade emocional dos filhos.

SEJA SOLIDÁRIO. Um divórcio não tem de implicar um conjunto de ataques. É possível que você também esteja ferido. É possível que haja algumas mágoas em relação ao seu ex-companheiro. Mas a pessoa de quem está a desligar-se é o pai/ a mãe dos seus filhos. Merece o seu respeito e a sua solidariedade. Não seja mesquinho(a). Não procure dividir tudo simetricamente. Seja bondoso(a). Faça o que estiver ao seu alcance para garantir a estabilidade (financeira, logística) da pessoa que um dia amou. Se não o fizer pela história que viveram, faça-o pelos vossos filhos.

DÊ TEMPO. Algumas pessoas têm a ambição de passar por um divórcio amigável, praticamente imaculado, mas isso é muito difícil quando uma das pessoas ainda está em choque. Mantenha-se firme na sua luta. Foque-se nas mudanças que é preciso concretizar e permita que o tempo seja um aliado do seu ex-companheiro, ajudando-o a sarar as feridas.


PRESTE ATENÇÃO ÀS EMOÇÕES DOS SEUS FILHOS. As crianças e os adolescentes podem ser muito críticos em relação ao comportamento dos próprios pais. Se o seu ex-companheiro tem assumido comportamentos agressivos porque não está a conseguir lidar com as emoções associadas ao processo de separação, é natural que os vossos filhos se aliem a si. Evite fazer juízos de valor sobre o seu ex. Dê espaço às crianças/ aos adolescentes para expressarem a sua tristeza ou a sua revolta mas procure assumir uma postura conciliadora. Incentive-os a exteriorizar as suas emoções e procure alimentar a esperança num futuro muito mais pacífico.
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