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16.12.14

A IMPORTÂNCIA DO SEXO (NUMA RELAÇÃO)


De vez em quando há quem me pergunte se o sexo é assim tão importante numa relação amorosa. Como se pudéssemos dissociar a intimidade sexual de tudo o resto que caracteriza um relacionamento. Sim, há quem pergunte “Se duas pessoas se derem mesmo bem, se forem os melhores amigos, e forem felizes assim (sem sexo), qual é o problema?”. O “problema” é que isso é o que caracteriza uma amizade, não um relacionamento amoroso. É verdade que há casais felizes que já não têm sexo há anos. São amigos. Os melhores amigos. Mas a generalidade dos adultos precisa de mais do que isso.



O sexo é importante na medida em que é uma das formas de nos ligarmos à pessoa que amamos. É evidente que não é só através do sexo que se constrói uma ligação afetiva segura. Mas a verdade é que essa forma de intimidade é um laço potentíssimo. Quanto melhor as coisas funcionam a esse nível, mais felizes somos e mais seguros nos sentimos (dentro e fora da relação).



Infelizmente, para algumas pessoas (e para boa parte dos meios de comunicação social) a satisfação sexual passa sobretudo por ser capaz de experimentar técnicas novas. Há uma ênfase irrealista no desempenho, como se cada um de nós fosse mais feliz se pudesse reproduzir diariamente aquilo que mostram os filmes pornográficos. Não tenho nada contra a pornografia e, enquanto terapeuta conjugal, proponho o seu visionamento a alguns dos casais com quem trabalho. Mas a verdade é que a ciência tem mostrado que a satisfação sexual (e conjugal) tem muito menos a ver com desempenho/ performance e mais a ver com a comunicação/ ligação noutras áreas.



É verdade! Claro que algumas revistas tentam convencer-nos de que fazer sexo com a mesma pessoa durante mais de um mês é uma valente seca. Mas as investigações (e a prática clínica) mostram que é possível ter bom sexo com a mesma pessoa durante anos. Mais: quanto maior for a ligação e quanto mais aquelas duas pessoas praticarem, melhor é o sexo.

O sexo é como a dança. Já experimentou dançar sem música? Também pode ser uma experiência agradável. Mas quem já experimentou dançar ao som da música, sabe que é bem melhor. Com o sexo é a mesma coisa: Quando não há ligação emocional, o sexo pode ser bom. Mas quando há uma conexão segura, é muito melhor. E, tal como acontece com a dança, quando começamos a praticar e mal conhecemos o nosso parceiro, podem acontecer alguns percalços, algum embaraço, alguns desencontros. Com a prática vem a segurança e o entusiasmo.


Os casais mais felizes, aqueles que constroem uma ligação segura, reconhecem a importância do sexo. Usam-no como forma de se conectarem. Entregam-se sem reservas. E sentem o maior prazer que se pode sentir.

10.12.14

TERAPIA DE CASAL - ULTRAPASSAR UMA TRAIÇÃO


- Sim, traí e estou disposto a assumir toda a responsabilidade pelo meu erro.

Quando João me disse esta frase, na primeira consulta de terapia conjugal, não estava só a mentir (de novo) à mulher. Talvez estivesse também a mentir a si mesmo. Talvez quisesse dizer “Estou disposto a assumir o meu erro”. Mas a verdade é que estava, longe, muito longe, de querer assumir “toda a responsabilidade”. Duas semanas antes a mulher tinha encontrado uma mensagem comprometedora no telemóvel e, depois de vasculhar faturas, e-mails e sabe-se lá mais o quê, confrontou-o com uma certeza: João estava a ter um caso com uma colega de trabalho. Seguiram-se dias de choro, discussões, avanços e recuos. Quando chegaram até mim, ambos mostraram vontade de reconstruir a relação. Mas… João tinha muito mais condições a impor do que a mulher. Não estava disposto a cortar relações com a colega “porque ela não merecia isso”, não queria que a mulher voltasse a vasculhar o seu telemóvel nem as contas de e-mail. Quinze dias depois da primeira consulta, a mulher voltou a encontrar mensagens que davam conta da manutenção da relação extraconjugal e decidiu sair de casa.

Há quem confunda assumir a culpa pelos erros cometidos com assumir a responsabilidade.


Quando uma pessoa é infiel, é importante que seja capaz de assumir que errou. Esse é o primeiro passo para a (tentativa de) reconstrução da relação. Mas é só isso: o primeiro. Depois são precisos outros:

TERMINAR A RELAÇÃO EXTRACONJUGAL. Parece óbvio mas há quem decida tentar reconstruir o casamento (também através da terapia de casal) sem ter posto fim à relação extraconjugal. Há quem alegue que tem medo de represálias. Há quem assuma que se sente confuso. Há quem queira o melhor de dois mundos. A verdade, mais cedo ou mais tarde, vem à tona e lá se vai qualquer hipótese de salvar o casamento.

DESCOBRIR OS PORQUÊS. Quer para quem trai, quer para quem é traído, é fundamental olhar para trás e tentar identificar as razões que levaram a que o affair acontecesse. O casal deve ser capaz de traçar um plano para lidar com as razões, as desculpas ou as circunstâncias que envolveram esse caso - porque é muito provável que elas voltem a surgir.

EVITAR FALSAS PROMESSAS. Não adianta prometer que “não voltará a acontecer” quando ainda não se sabe muito bem porque é que aconteceu. É preferível dizer (com honestidade) que quer tentar, que quer olhar para trás e entender o que se passou e que quer melhorar a relação para que não volte a haver espaço para uma terceira pessoa.

OUVIR E FALAR. Quem traiu deve estar disponível para ouvir - e para falar - sempre que o cônjuge precisar. Assumir a responsabilidade pelo erro cometido implica ajudar o companheiro a sarar as feridas e restabelecer a confiança. Há alturas em que a pessoa traída precisa de carinho e de atenção. Mas também há momentos de descrença e de raiva por tudo o que aconteceu e que faz com que nada possa voltar a ser “como era antes”.



ASSUMIR UM CAMINHO DE TRANSPARÊNCIA. Não vale a pena enveredar por meias-verdades. A confiança só será restabelecida se a pessoa que traiu quiser cuidar do companheiro, assumindo total transparência em relação às suas decisões, às suas escolhas. A pessoa traída quer ver o telemóvel? Deixe-a. Não vale a pena perguntar “para quê?”. Não adianta zangar-se. Vai ser preciso algum tempo (e transparência) para que a confiança seja reconstruída.



2.12.14

ALIENAÇÃO PARENTAL


Há algum tempo, à chegada a um canal de televisão, houve uma mulher que me perguntou “Então, sobre o que é que vem falar?”. Expliquei que estava ali para comentar uma situação de conflito entre um pai e uma mãe que, na sequência de um processo de separação, não estavam a conseguir chegar a acordo em relação à guarda da criança.


Não faço ideia se esta senhora tem filhos ou se alguma vez enfrentou um processo de divórcio. Espero que não.

Ser pai ou mãe é, acima de tudo, assumir a responsabilidade de cuidar, estar “lá”, dar resposta às necessidades (emocionais e não só) de uma criança. Amar não chega. E, seguramente, não chega dizer que se ama e que se quer o melhor para um filho. Ser pai ou mãe implica aceitar que nenhum filho é posse de alguém. Implica pôr de lado os ciúmes, os medos e as inseguranças (ou trabalhá-los em sede própria se for caso disso) e aceitar que a esmagadora maioria das crianças precisam do pai e da mãe. Sim, há casos em que a presença de um progenitor pode ser prejudicial – estou a lembrar-me de todos os adultos que batem, violam e matam, por exemplo. Mas, de um modo geral, um filho precisa de construir um vínculo seguro com o pai e com a mãe. Precisa de se sentir livre para conviver com os tios, os primos e os avós dos dois lados da família. Precisa de sentir o amor incondicional dos adultos que, ainda que não consigam manter um casamento, dão o seu melhor para que os interesses das crianças venham SEMPRE em primeiro lugar.

Quando um dos progenitores faz o que está ao seu alcance para afastar os filhos do outro – mudando de país, ou de cidade, denegrindo a sua imagem, inventando esquemas ou pura e simplesmente convencendo-se de que as crianças precisam da “estabilidade” de um único lar – não está só a castigar o ex-cônjuge. Está, sobretudo, a prejudicar GRAVEMENTE os próprios filhos.


Quando um adulto priva um filho do contacto regular com o outro progenitor, pode convencer-se de que está a proteger a criança. Não está.

24.11.14

PORQUE É QUE NÃO PARAMOS DE OLHAR PARA O TELEMÓVEL?


Há qualquer coisa de viciante nesta história de podermos usar o telemóvel para aceder a mensagens, e-mails e redes sociais. Antes de mais, é como se nunca estivéssemos verdadeiramente sós. Há sempre alguém que está online. Há sempre alguém que parece comunicar connosco. Não importa se, no final do dia, chegamos à conclusão que perdemos demasiado tempo a olhar para o smartphone. Não importa se, feitas as contas, o resultado for sempre o mesmo: demasiado tempo gasto, poucos ganhos. O que importa - e nos impede de romper com o vício - é a gratificação que obtemos a cada momento.


Mas há mais: ainda que algumas mensagens e alterações de status possam irritar-nos, o telemóvel protege-nos do conflito direto. É muito mais fácil revirar os olhos ou soprar de neura sem que o alvo da nossa fúria esteja a olhar-nos nos olhos. Tudo é mais leve, mais superficial, mais fácil de gerir.

Pelo meio ainda há a possibilidade de, com tantas consultas ao telemóvel, sermos os primeiros do nosso grupo de amigos a saber do acontecimento X e a publicá-lo no Facebook. E também há algo de gratificante nisso.

É como se de cada vez que enviamos uma mensagem, publicamos uma fotografia ou escrevemos no nosso mural estivéssemos a ligar-nos às pessoas de quem gostamos. E é isso que muitas vezes dizemos a nós próprios: as mensagens e publicações são uma bênção da tecnologia para nos aproximar de familiares e amigos.


Que urgência é esta de nos ligarmos a quem está longe ao ponto de desvalorizarmos a ligação a quem está fisicamente presente?

Quando nos viciamos nos likes e elogios que recebemos via iPhone, arriscamo-nos a sobrevalorizar o superficial e a descurar o essencial. É que, no final do dia, não é de mimos virtuais que precisamos para nos sentirmos felizes e amparados. É de quem nos beije com amor, de quem nos toque com entusiasmo, de quem nos olhe nos olhos e nos mostre que está lá. Mas isso só acontece quando investimos nos relacionamentos e paramos de olhar para o telemóvel.

18.11.14

HOMENS E MULHERES: SERÃO MESMO DE PLANETAS DIFERENTES?


Sou homem... Gosto de sexo. Foi assim que Francisco respondeu à minha pergunta (“O que é que promove o seu desejo sexual?”). Como se a mulher, por ser mulher, não gostasse tanto. Ela tratou logo de esclarecer que também gosta. Como muitos outros casais com quem tenho trabalhado, os problemas foram-se avolumando até ao ponto de quase tudo ser motivo para braços-de-ferro. Passaram a discutir por tudo e por nada. Não admira, por isso, que a insatisfação se tenha estendido à sexualidade.


O que é que acontece quando não nos sentimos tão amados como antes? O que é que acontece quando a pessoa que escolhemos para partilhar uma vida não está tão atenta às nossas necessidades afetivas como precisamos? O que é que acontece quando ele(a) deixa de estar "lá"? Sentimo-nos sós, desamparados. Às vezes zangamo-nos. Às vezes até disparatamos – em terapia é muito fácil perceber que quanto maior for a sensação de abandono, maior será a probabilidade de alguém fazer ou dizer disparates.

Não importa se os problemas começaram por simples arrufos com a mãe dele ou com pequenas discussões a propósito das tarefas domésticas. Se há um que vai pedindo ajuda ou a atenção do outro e não a recebe, é normal que a distância emocional se instale. E daí aos problemas na intimidade sexual pode ser um instante. Claro que quando a mulher se queixa porque se sente sobrecarregada com a lida da casa e pede ajuda não está propriamente a dizer que, se o problema não for resolvido, não há sexo para ninguém. Quando o marido critica a presença constante da sogra lá em casa está só a reivindicar a definição mais clara de alguns limites e não tem consciência de que esse foco de tensão também possa refletir-se – mais cedo ou mais tarde – na cama do casal.

Numa relação amorosa homens e mulheres procuram as mesmas coisas. Para que nos sintamos seguros (e felizes), é preciso que a pessoa de quem gostamos:

- ESTEJA DISPONÍVEL para nós, mesmo quando há alguma insegurança. A última coisa de que alguém precisa é de ouvir frases como “lá estás tu” ou “isso são coisas da tua cabeça”. Estar disponível é prestar atenção, é mostrar interesse, é querer saber, é “estar lá” sempre que é preciso e mostrar que somos importantes.

- RESPONDA às nossas necessidades dando prioridade àquilo que sentimos e tentando dar provas de proteção e conforto, mesmo que isso implique ir “contra” a vontade da família alargada ou de qualquer outra pessoa. Esta capacidade de resposta faz com que nos sintamos especiais e amparados.

- ASSUMA O COMPROMISSO de estar ao nosso lado. Isso implica olhar com atenção, tocar, mostrar o afeto com frequência e estar emocionalmente presente.

Quando um se sente triste ou inseguro e as discussões começam a fazer parte do dia-a-dia, podem surgir algumas diferenças de género:



É como se as mulheres precisassem de se sentir emocionalmente seguras para que consigam entregar-se sexualmente. Se não há segurança, não há desejo. A maior parte dos homens também precisam de estar emocionalmente seguros para viver a sexualidade em pleno mas… não só são capazes de sentir desejo sexual quando há dificuldades no relacionamento como olham para a inexistência de desejo sexual como um entrave à intimidade emocional. Neste caso, é a diminuição do desejo que é sentida como um sinal de perigo. Se não há desejo, não há segurança.


Quando, em terapia, cada um tem oportunidade de se expor e de dizer ao outro aquilo de que precisa, tudo se torna mais fácil e simples: ambos precisam de se sentir amados. Desejados. E de sentir que as suas necessidades afetivas são valorizadas na medida certa.

17.11.14

CIÚME – O QUE É QUE É NORMAL?


ci·ú·me 

substantivo masculino
1. Receio ou despeito de certos .afetos alheios não serem exclusivamente para nós.
2. Inveja.
3. Receio.

"ciúme", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, 
http://www.priberam.pt/DLPO/ci%C3%BAme.

Qual é o peso do ciúme numa relação? É normal? É prejudicial? É essencial?

Há quem diga que não há amor sem ciúme, como se quem não sente ciúme não chegue a amar de facto a pessoa que tem ao lado. E depois há quem se sinta escaldado por relacionamentos mais ou menos claustrofóbicos e olhe para qualquer manifestaçãozinha de insegurança como se se tratasse de um exemplo claro de ciúme patológico. Então, o que é que é saudável para uma relação? É imprescindível que haja algum ciúme? Ou será que uma relação feliz não deve incluir este tipo de receios?


É normal que nos sintamos tristes com um ou outro comportamento da pessoa de quem gostamos. E claro que é normal que nos sintamos enraivecidos a propósito de uma ou outra escolha. Já não é assim tão saudável que a tristeza ou a raiva sejam sentimentos recorrentes numa relação amorosa. Por muito que continue a ouvir-se coisas como “os opostos atraem-se” ou “quanto mais me bates, mais gosto de ti”, a verdade é que aquilo que procuramos numa relação amorosa é segurança, afeto, cumplicidade, amparo e alegria. Não é tristeza nem fúria. Há um plafond para essas emoções: por exemplo, algumas investigações têm demonstrado que numa relação estável há um rácio de vinte interações positivas (beijinhos, abraços, elogios) para cada interação negativa (críticas, amuos, gritos). Isso não significa que numa relação feliz não haja espaço para gritos. Há. Mas não há relação feliz se houver gritos todos os dias. E depois há relações que, não sendo perfeitas, são relações onde não há gritos.

Tenho sempre muitas dúvidas em relação à suposta satisfação conjugal de quem NUNCA discute. Não é uma questão de acreditar que as discussões possam apimentar o que quer que seja. É, sobretudo, a certeza de que numa relação íntima é praticamente impossível que não haja zangas, tensões, atrito. Então, quando duas pessoas me dizem que nunca se zangam, temo o pior: que aquela não seja uma relação suficientemente íntima, que aquelas duas pessoas não estejam a conseguir-se expor-se totalmente.

Em relação ao ciúme, as coisas podem colocar-se desta forma: é normal sentir ciúme a propósito de um ou outro comportamento do parceiro.


Mas não é saudável que alguém viva permanentemente inseguro, enciumado. O ciúme, tal como a tristeza ou a raiva, não apimenta nada. É, apenas, uma emoção legítima, que pode atingir qualquer pessoa. Se alguém se sentir permanentemente inseguro, dificilmente terá disponibilidade mental para fazer a outra pessoa feliz.

É normal que uma mulher se sinta enciumada quando vê o marido a conversar entusiasmado com uma colega. E até é normal que lhe mostre o seu incómodo, temendo que a atenção que ele dá à colega possa colocar a relação em risco. O ciúme é um sentimento. E todos os sentimentos são normais. Mas a relação pode não ser saudável se a mulher der por si a pensar “Porque é que ele está a falar com ela? Será que a acha mais interessante do que eu? Será que está a flirtar com ela? Será que está a pensar trair-me?”. Nesse caso, a mulher poderia assumir um comportamento controlador, tentando impedir que o marido voltasse a falar com a colega.


Quando a emoção (legítima) passa a controlar a pessoa (em vez de ser a pessoa a controlar a emoção), surgem comportamentos pouco legítimos que tendem a produzir o efeito contrário ao esperado. É normal sentir ciúme. Mas nem todos os comportamentos são aceitáveis.

11.11.14

TRISTEZA OU DEPRESSÃO?


Como é que alguém sabe se a tristeza que sente é só tristeza ou se equivale a um estado depressivo? É uma questão de intensidade? Ou de duração? É preciso que haja outros sintomas associados para se considerar que uma pessoa não está apenas triste? Estará alguém capaz de fazer um diagnóstico a si próprio? Estas são perguntas que a maior parte das pessoas já colocou a si mesma, sobretudo perante a tristeza de alguém de quem se gosta. Se o marido, um irmão ou um amigo estiver triste, é normal que nos perguntemos: estará deprimido? Precisará de ajuda?

Fala-se tanto de depressão que há quem não possa ver alguém a chorar dois dias seguidos para colocar o rótulo: está deprimido. É preciso fazer alguma coisa! Procurar um psicólogo, tomar antidepressivos, sair para espairecer, fazer desporto. Vale tudo para fugir de uma emoção que é, afinal, tão normal. Sim, é normal que nos sintamos tristes em resposta a alguns acontecimentos. A morte de alguém de quem gostamos, o fim de uma relação, uma doença ou até uma situação de desemprego podem deixar-nos tristes. E muitas vezes essa tristeza não desaparece ao fim de dois dias. Cada pessoa tem o seu ritmo e se algumas não precisam de mais de um par de horas para chorar e, assim, seguir em frente, há outras que precisam de falar ininterruptamente sobre a sua angústia. Há quem sinta vontade de se isolar para gerir as mágoas e há quem faça de tudo para estar com outras pessoas e, assim, não sofrer tanto. Mas a tristeza é normal e adaptativa, o que significa que é saudável que a sintamos e que a exteriorizemos quando a vida nos rouba a vontade de sorrir.

Claro que também é normal que nos sintamos aflitos quando alguém à nossa volta parece afundar-se num estado de tristeza profunda. É natural que nos sintamos invadidos pela sensação de impotência e que assumamos a vontade de fazer alguma coisa.


Para poder seguir em frente, para poder completar o luto ou arregaçar as mangas. E quando nos concentramos em fazer o que estiver ao nosso alcance para que a outra pessoa saia rapidamente daquele estado emocional arriscamo-nos a desvalorizar as suas necessidades. Não é fácil dar autorização para que alguém se sinta triste. Porque isso também mexe com as nossas emoções. Mas é preciso fazê-lo.

Depois há alturas em que nos damos conta de que aquela tristeza não é normal nem adaptativa. Porquê? Porque a pessoa já está triste há meses e não dá qualquer sinal de que a intensidade da sua dor comece a diminuir. Ou porque percebemos que a pessoa não está apenas triste – deixou de comer, ou de dormir, ou de conseguir trabalhar. Há uma limitação do desempenho das tarefas banais. Não há sonhos, nem prazer. Não há vontade de lutar pelo que quer que seja. Ou então a pessoa até continua a trabalhar e a fazer aquilo que se espera que ela faça mas deixou de sorrir e anda permanentemente mal-humorada sem que se consiga vislumbrar a hipótese de mudança. E então, sim, é preciso fazer alguma coisa. Mas o quê?



Mostramo-nos disponíveis. Para ouvir, para ajudar, para estar “lá”, para procurar ajuda especializada, para ir com ela à consulta, para a ouvir de novo. E dizemos, com afeto, que “é normal” e que “vai passar”.

5.11.14

TRAIÇÃO: CONTAR OU NÃO?


Se traísse, acha que contaria? Ou guardaria o segredo para si? Será que é melhor abrir o jogo e dar oportunidade ao parceiro de decidir se quer continuar na relação ou não dizer nada para não correr risco de deitar tudo a perder? Já agora, perante a hipótese de ser traído(a), gostava que lhe contassem ou preferia viver na ignorância?

As opiniões dividem-se, quer entre quem trai/ é traído, quer entre profissionais. Conheço vários psicólogos e psiquiatras que consideram que revelar uma traição é um autêntico disparate. Sim, leu bem. Há quem defenda que a confissão é apenas (mais) um comportamento egoísta, de quem não consegue lidar com os sentimentos de culpa. E como a partilha vai causar dano, aos olhos destes profissionais, é melhor não contar. Assim, defendem, evita-se que o outro sofra e protege-se a relação. Mas será que é sempre assim?


Estarão as pessoas que traem a entregar-se por inteiro na sua relação? Ou estarão acomodadas a uma relação que não as preenche?

Eu trabalho diariamente com casais que passaram pela experiência da infidelidade. Na maioria das vezes a relação extraconjugal não foi revelada pelo próprio. A pessoa foi apanhada e, depois do terramoto inicial, o casal optou por pedir ajuda. Mas também há situações em que a pessoa que traiu optou por contar. Por se sentir culpada. Por não achar justo continuar a enganar. Ou por acreditar que a confissão pudesse servir de ponto de partida para enfrentar os problemas (antigos) da relação. Nunca ouvi ninguém dizer que preferia que o marido ou a mulher não tivesse contado. Acredito que haja quem preferisse não saber. Acredito que haja quem, no fundo, quisesse manter-se na ignorância. Mas a verdade é que em terapia ninguém o assume. Talvez por vergonha. Ou então por acreditar que, na prática, a revelação de uma infidelidade pode implicar o reconhecimento de que alguma (ou muita) coisa já não estaria bem na relação.

É verdade que há vários tipos de infidelidade. Um caso de uma noite não é a mesma coisa que uma traição continuada. Ceder a um impulso momentâneo não é o mesmo que trair várias vezes. Mas há algo em comum a estas situações. Em primeiro lugar, os estragos: é muito difícil lidar com a mágoa que resulta de uma traição, independentemente das circunstâncias. Mas também há o enfraquecimento dos laços. Estas são, quase sempre, relações enfraquecidas. É certo que nenhuma relação é perfeita, nenhuma relação pode ser considerada à prova de infidelidade. Mas uma relação coesa, marcada por elevados níveis de satisfação e de intimidade emocional, é infinitamente menos vulnerável a este tipo de acontecimentos. Quando uma pessoa é infiel, é quase certo que alguma coisa não está bem no seu casamento. E a pessoa que trai pode nem ser capaz de identificar de forma clara o que está a promover a distância. A pessoa pode ser capaz de reconhecer que as coisas já não são como antigamente mas sozinha não consegue identificar (e muito menos ultrapassar) os problemas. Escolher viver com este segredo pode implicar manter um casamento deteriorado e não dar resposta às lacunas que existem.


Enfrentar uma infidelidade é difícil, sim. E há quem não consiga perdoar. Mas, na prática, a esmagadora maioria dos casais continuam juntos depois disso. E isso é muito mais provável quando dão a si mesmos a oportunidade de olhar para trás e resolver o que houver para resolver.

29.10.14

COMO MELHORAR A COMUNICAÇÃO NO CASAL


Quase toda a gente gostaria de ter uma daquelas relações amorosas que vemos ilustradas nos filmes. Aquelas em que uma briga acaba invariavelmente com um beijo arrebatador. Afinal, no cinema e na televisão os apaixonados também se zangam mas fazem sempre as pazes e transmitem a mensagem de que é fácil ultrapassar todo o tipo de mágoas. Basta que haja amor. Na vida real as coisas podem complicar-se. As discussões às vezes são bem mais acesas do que gostaríamos. Os amuos eternizam-se. E mesmo quando um toma a iniciativa de tentar uma reaproximação, não há garantias de que corra tudo bem.

O que é que duas pessoas que gostem (mesmo) uma da outra podem fazer para melhorar a sua comunicação? Deverão fugir a sete pés de qualquer discussão? Será que é ajustado que um se faça de mudo mesmo que o outro esteja a espernear de raiva? Ou bastará que ambos assumam o compromisso de, aconteça o que acontecer, não ir para a cama chateados? Nenhuma destas alternativas me parece capaz de gerar frutos.

Então, o que é que pode ser feito?

RIR A DOIS. Não se ria. É a sério :). Não há nenhuma medida mais terapêutica do que esta. Os casais que investem tempo e energia em momentos de descontração a dois criam uma espécie de poupanças afetivas que lhes permitem encarar os problemas com maior tolerância. Não é só uma questão de “compensar” os momentos de tensão com alguns momentos de bem-estar. É uma questão de tirar partido de situações banais para descontrair ao lado da pessoa de quem se gosta.



CRITICAR SÓ QUANDO FOR IMPORTANTE. Há pessoas que estão convencidas de que todas as chamadas de atenção são importantes. Assumem uma missão que tem como objetivo eliminar todos os erros da pessoa de quem gostam e dão o seu melhor para que nada passe despercebido. Ele(a) deixou a toalha molhada em cima da cama? OUVE UMA CRÍTICA. Esqueceu-se de levar o lixo para o contentor? OUVE UMA CRÍTICA. Deu uma facadinha na dieta? OUVE UMA CRÍTICA. Sentou-se no sofá antes de lavar a loiça? OUVE UMA CRÍTICA. Ninguém aguenta! Não é para isso que decidimos partilhar a vida com alguém. O hipercriticismo corrói, rouba a esperança, a vontade de fazer melhor, a vontade de estar “lá” para o outro. É evidente que é preciso que as pessoas mostrem a sua indignação. As manifestações de desagrado são essenciais para que um saiba aquilo de que o outro precisa. Mas alguma coisa está errada quando um precisa que o outro mude a generalidade dos seus hábitos. Pela saúde da sua relação, doseie as chamadas de atenção.

ELOGIAR COM GENUINIDADE. No início do namoro qualquer pessoa mostra que é a fã número um do mais-que-tudo. Vão jantar fora e ele deu uma gorjeta ao funcionário? “Que queridoooooo!”. Levanta-se diariamente às 7 da manhã para ir para o trabalho? É um empreendedor! Depois as hormonas deixam de estar em alvoroço e, para alguns, as qualidades da pessoa amada passam a ser dados adquiridos que não merecem qualquer feedback. Mas a verdade é que nós precisamos (todos) desse incentivo, desse mimo. Não só para que nos sintamos apreciados, amparados, mas também para que tenhamos maior poder de encaixe a propósito das críticas de que possamos ser alvos.



RESOLVER O QUE DER PARA RESOLVER. Um dos problemas que a generalidade dos casais que me procuram enfrentam tem a ver com a vitimização. Se quando um se queixa – e faz um apelo – o outro se sentir atacado, é provável que assuma uma postura demasiado defensiva, olhando para si mesmo como o coitadinho. Se, pelo contrário, uma queixa (importante) for olhada como um pedido de ajuda, é mais provável que a pessoa que é criticada se concentre naquilo que pode fazer para ir ao encontro da necessidade da outra. Isso chama-se “estar lá” para a pessoa de quem se gosta em vez de olhar apenas para o próprio umbigo. Claro que nem tudo pode ser resolvido de forma prática e imediata. Há questões mais complexas que outras. Mas o essencial é conseguir mostrar à pessoa amada que ela é merecedora da nossa atenção e da nossa disponibilidade para ir ao encontro do que ela precisa.

28.10.14

AGORA NÓS - GUERRA ENTRE PAIS (VÍDEO)

Tomás é um menino português de dois anos e meio.
A mãe, atualmente a viver em Viana do Castelo, acusa o ex-marido de rapto. 
O menino está entregue a uma instituição de acolhimento em França depois de o pai se ter entregue às autoridades.


Este é o vídeo da minha participação no programa AGORA NÓS, na RTP:

22.10.14

SEXO NA GRAVIDEZ


Tenho medo de fazer mal ao bebé. Medo que o sexo lhe provoque alguma malformação. O problema é que ela acha que eu deixei de gostar dela. É verdade que está mais gorda - muito mais gorda - mas não é isso que me afeta. É o bebé. O medo de fazer mal ao bebé.

Já perdi a conta ao número de vezes que ouvi palavras como estas. São quase sempre histórias de pessoas teoricamente bem informadas e tidas como inteligentes.


O medo está muitas vezes associado a pensamentos irracionais. Quando nos convencemos de que o perigo é real, há, pelo menos, dois caminhos: partilhar aquilo que sentimos com quem está à nossa volta ou tentar gerir tudo a sós. O problema do isolamento é que permite que o nosso cérebro divague, que fantasie à volta daquilo que nos assusta e transforme uma aflição num bloqueio. Pelo contrário, a partilha dos nossos medos representa quase sempre um apelo, um pedido de conforto e, claro, a oportunidade de substituir todos os pensamentos irracionais por informações claras e precisas que nos permitam fazer escolhas emocionalmente inteligentes.

Mas quando um homem guarda para si este medo, está longe, muito longe de se prejudicar apenas a si mesmo. O problema maior é para a relação. Porque o silêncio gera invariavelmente a sensação de desamparo e rejeição – Ele já não me ama!

É assim que facilmente se instala a distância emocional entre duas pessoas que deveriam estar mais unidas do que nunca. Como o período que se segue tem tanto de mágico como de tumultuoso, é fácil cair-se na tentação de ir empurrando o assunto “com a barriga”, que é como quem diz: no meio de tudo o que há para fazer depois do nascimento do bebé, o sexo pode ficar para último plano.

É normal que haja diminuição do desejo sexual durante a gravidez. Pelo menos, para alguns homens (e para algumas mulheres). Mas não é saudável que se fuja ao assunto e que se procure gerir a questão sem falar abertamente sobre o que cada um sente. É que quando um se expõe, dá oportunidade ao outro para acolher esse apelo.



Afinal, da mesma maneira que há homens que continuam a desejar as suas mulheres à medida que o corpo se transforma, há outros que – sem que haja medos irracionais associados – sentem repulsa. E não é mesmo nada fácil dizer “não sinto desejo por ti assim”. Mas a verdade é que todos os sentimentos são legítimos e, na medida em que as emoções sejam verbalizadas, é muito mais provável que os membros do casal encarem estas dificuldades como normais e transitórias

21.10.14

CASAMENTO À PROVA DE TRAIÇÕES


Será que é possível construir uma relação à prova de infidelidade? Será que alguém pode dizer que o seu casamento é estável ao ponto de ser IMPOSSÍVEL haver uma traição? A resposta é: NÃO. Nenhuma relação é 100% sólida. Nenhuma relação é perfeita. E por muito que uma pessoa invista, não pode haver a certeza absoluta de que jamais será traída. Mas isso não significa que não se possa fazer nada para prevenir o terramoto que uma infidelidade implica.


Então, o que é que duas pessoas podem/devem fazer para proteger a sua relação amorosa? O que é que deve acontecer para que um casamento resista à tentação de uma relação extraconjugal? Será o sexo desenfreado? Será sobretudo a estabilidade financeira? Ou será que é imprescindível eliminar a rotina da relação?

A resposta é muito mais simples: é preciso que ambos cuidem da relação. E o que é que isso quer dizer? Isso significa, antes de mais, que quando uma pessoa presta muita atenção às necessidades afetivas do companheiro, quando se mostra disponível para amparar, ouvir, celebrar ou animar, tudo se torna infinitamente mais fácil. Porque a outra pessoa sente-se verdadeiramente amada, sente que é importante, sente que aquilo que diz é valorizado, sente que há alguém que faz tudo para que ela esteja feliz. E isso não deixa espaço para terceiras pessoas.


Infelizmente, algumas pessoas estão convencidas de que estar próximo é asfixiar a pessoa de quem se gosta com interrogatórios e tentativas de controlo. Há quem invista todo o seu tempo e energia em reunir “provas” de que o companheiro está a manter-se na linha. Isso não é proximidade, é insegurança.

Numa relação segura os membros do casal dão-se a conhecer, expõem os seus sentimentos, os seus sonhos e as suas vulnerabilidades. Porquê? Porque sabem que ao seu lado está alguém que pode não concordar com tudo, pode não compreender tudo, mas que tem genuína vontade de cuidar, mimar, fazer feliz.

15.10.14

DIVÓRCIO CONFLITUOSO COM FILHOS


Passo a maior parte do meu tempo a ajudar casais a salvar a sua relação mas também recebo com frequência pedidos de ajuda de quem está em processo de divórcio. Não estou a falar de quem ainda não tomou a decisão. De quem tem dúvidas se há-de ir embora ou ficar. Refiro-me a homens e mulheres que assumem o fim da relação e que enfrentam dificuldades em concretizar este passo.

A dificuldade número um tem a ver com os filhos. Felizmente, no meio do caos e da perda, há quem coloque as necessidades afetivas dos filhos em primeiro lugar. Há quem se preocupe genuinamente em garantir que as crianças/ adolescentes sofram o menos possível. Infelizmente, nalguns casos a perda é tão avassaladora que um dos progenitores não é capaz de se centrar no bem-estar dos filhos. E é muitas vezes quando essa incapacidade se traduz numa espécie de guerra que o outro progenitor decide pedir ajuda.


Mas há muito que possa ser feito:

ACEITE AS EMOÇÕES DO SEU EX-CÔNJUGE. Não vale a pena ignorar o óbvio: o divórcio implica uma perda brutal e há um luto que tem de ser feito. As manifestações de carinho podem ter desaparecido há anos. O diálogo pode ser praticamente inexistente. Isso não significa que os dois membros do (ainda) casal já se tenham divorciado emocionalmente. De um modo geral, há um que toma a iniciativa e há outro que continua a sentir-se ligado. E essa pessoa tem direito a sentir raiva e tristeza. Tem direito aos seus momentos de desespero. Isso não significa que todos os seus comportamentos sejam legítimos. Não significa que todas as birras sejam aceitáveis. Mas na medida em que você não contra-atacar e der o seu melhor no sentido de se mostrar solidário com o que a outra pessoa está a sentir, é mais provável que o clima de guerra abrande.

NÃO TENTE SER AMIGO DO SEU EX-CÔNJUGE. Algumas pessoas são capazes de “arrumar” as suas emoções enquanto ainda estão casadas. Tanto que se sentem capazes de manter uma relação próxima com o ex-companheiro. Mas é fundamental dar espaço para que a outra pessoa se desligue, para que complete o seu luto. Se esse espaço não existir, podem existir falsas esperanças, que acabarão por minar a comunicação.

SEJA CLARO NA IDENTIFICAÇÃO DAS SUAS PRIORIDADES. Se a sua prioridade é garantir o bem-estar dos seus filhos, procure ser muito claro na defesa desses interesses. Por exemplo, você pode achar que é importante conversar com as crianças para comunicar a decisão. Mas aos olhos do seu ex-companheiro esse passo pode ser visto como uma aceleração do processo, pelo que é possível que tente adiá-lo tanto quanto puder. Não é por mal. É apenas um mecanismo de defesa: uma crença irracional de que você possa voltar atrás. Procure centrar-se nas crianças e chamar a atenção do seu ex-companheiro para o poder que ambos têm no sentido de continuar a zelar pela estabilidade emocional dos filhos.

SEJA SOLIDÁRIO. Um divórcio não tem de implicar um conjunto de ataques. É possível que você também esteja ferido. É possível que haja algumas mágoas em relação ao seu ex-companheiro. Mas a pessoa de quem está a desligar-se é o pai/ a mãe dos seus filhos. Merece o seu respeito e a sua solidariedade. Não seja mesquinho(a). Não procure dividir tudo simetricamente. Seja bondoso(a). Faça o que estiver ao seu alcance para garantir a estabilidade (financeira, logística) da pessoa que um dia amou. Se não o fizer pela história que viveram, faça-o pelos vossos filhos.

DÊ TEMPO. Algumas pessoas têm a ambição de passar por um divórcio amigável, praticamente imaculado, mas isso é muito difícil quando uma das pessoas ainda está em choque. Mantenha-se firme na sua luta. Foque-se nas mudanças que é preciso concretizar e permita que o tempo seja um aliado do seu ex-companheiro, ajudando-o a sarar as feridas.


PRESTE ATENÇÃO ÀS EMOÇÕES DOS SEUS FILHOS. As crianças e os adolescentes podem ser muito críticos em relação ao comportamento dos próprios pais. Se o seu ex-companheiro tem assumido comportamentos agressivos porque não está a conseguir lidar com as emoções associadas ao processo de separação, é natural que os vossos filhos se aliem a si. Evite fazer juízos de valor sobre o seu ex. Dê espaço às crianças/ aos adolescentes para expressarem a sua tristeza ou a sua revolta mas procure assumir uma postura conciliadora. Incentive-os a exteriorizar as suas emoções e procure alimentar a esperança num futuro muito mais pacífico.

14.10.14

O AMOR FAZ-NOS MAIS FELIZES


Há quem diga que não precisa de uma relação para ser feliz. Que o amor romântico é só para alguns. E também há quem assuma que não é feliz sem essa fonte de estabilidade. Afinal, precisamos ou não de uma relação estável para sermos mais felizes?
Há pessoas que não são capazes de se descentrar, de assumir como missão a genuína vontade de fazer outra pessoa feliz. MAS… isso é o que acontece com uma pequena minoria. A maior parte de nós precisa mais ou menos das mesmas coisas. A maior parte das pessoas que conheço – dentro e fora do meu gabinete – perseguem os mesmos objetivos. E para a generalidade dessas pessoas, ser feliz no amor é uma prioridade. Mais do que isso: ser feliz no amor é garantia de bem-estar, otimismo, segurança emocional.

Quando, duas pessoas que se amam começam a sentir-se inseguras, quando há discussões ou amuos, o mal-estar dá lugar ao medo generalizado. A sensação – assustadora – de que algo não está bem na relação amorosa cria o medo de falhar, o medo de não estar à altura, o medo de não ser capaz de responder à adversidade. É como se nos sentíssemos com o sistema imunitário enfraquecido.

Assumir que precisamos daquela pessoa para sermos felizes, que dependemos da estabilidade da relação amorosa para nos sentirmos plenamente seguros e confiantes, não é fraqueza. Não deve ser motivo de vergonha. Pelo contrário, quando somos capazes de expor essa vulnerabilidade, estamos a dizer “és importante para mim” – e isso cria conexão. Também não deve ser motivo de embaraço assumir que estar solteiro não é tão bom como estar numa (boa) relação.


Não é por acaso que oiço frequentemente dizer que é mais fácil enfrentar os obstáculos da vida quando temos ao nosso lado alguém que nos preencha. Isso tem uma base científica. Aquilo que acontece é que quando encontramos alguém que nos ame de verdade, que esteja “lá” para nós, que nos faça sentir seguros, o nosso cérebro responde de forma muito diferente àquilo que possa ser considerado ameaçador.


Uma pessoa que sempre lutou contra níveis de ansiedade elevados sente-se surpreendentemente mais segura quando constrói um vínculo sólido com alguém que ame. Alguém que nunca pensou em ter filhos pode passar a sonhar com esse passo a partir do momento em que viva uma ligação segura. É mais fácil arriscar e ser bem-sucedido em termos profissionais quando se está de mãos dadas com uma pessoa que nos ama e que acredita em nós. É o “milagre” do amor.

13.10.14

É POSSÍVEL PERDOAR UMA TRAIÇÃO? (COM VÍDEO)

Quase todas as pessoas têm certezas absolutas sobre o assunto... até serem confrontadas com uma infidelidade.

É verdade que nem todas as relações resistem a uma traição. Mas por que é que algumas pessoas são capazes de reconstruir a sua relação depois de uma infidelidade e outras não? O que é que é preciso para que uma relação sobreviva a um terramoto como este?

9.10.14

LIÇÕES DE VIDA


Qual foi o momento mais difícil da sua vida? E o que é que aprendeu com ele?

Os acontecimentos mais difíceis na vida de qualquer pessoa estão quase sempre relacionados com a perda. A morte de alguém de quem se gosta, o fim de um amor, a perda de um emprego, a  perda (emocional) de alguns amigos, a falta de saúde. No momento da perda é absolutamente natural que nos sintamos dominados pelo choque e pela angústia.
É fácil experimentar a sensação de que nada será como antes. Não pode ser. E às vezes surgem pensamentos catastrofistas do tipo "Nunca mais serei feliz...".

Entretanto o tempo passa, as rotinas instalam-se e, se fizermos as escolhas certas, mais cedo ou mais tarde voltamos a sorrir. E depois dos primeiros sorrisos tímidos surge a esperança de voltar a sonhar, de voltar a ter objetivos. Estamos vivos! Mas será que aprendemos? Ou há o risco sério de voltar a falhar? De voltar a perder?

Para algumas pessoas o medo é avassalador. Tanto, que se recusam a voltar a amar, a voltar a arriscar, a voltar a sonhar. Mas isso não seria viver.

Voltar a investir - num novo amor, num novo sonho, numa nova oportunidade para ser feliz - tem de incluir um olhar sobre o passado.

Não vale a pena tentar apagar o que correu mal. Não vale a pena ignorar o sofrimento por que passámos. Nem sequer seria uma escolha muito inteligente.


Tentar identificar aquilo que ficou por fazer. Por dizer. Aquilo que porventura não foi valorizado como deveria.


Aqueles que se interessam genuinamente por reconhecer os próprios erros estão mais preparados para as mudanças que abrem caminho ao aparecimento de novos sonhos. É preciso aproveitar os momentos maus e tirar algumas lições. Quem não aprendeu nada com os acontecimentos difíceis, não está pronto para apreciar o que a vida tem de melhor.

Terapia Familiar e de Casal em Lisboa