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2.12.05

SOGRAS…


Num dos episódios da minha série de televisão favorita – Everybody Loves Raymond (Raymond e Companhia) – a sogra (Marie) disponibiliza-se para partilhar com a nora (Debra) a receita de um dos seus pratos mais aclamados. O objectivo aparente consistia em permitir que a jovem pudesse presentear o marido com aquele cozinhado. Mas, aos olhos daquela sogra/mãe, este gesto implicaria uma redução significativa do número de visitas do filho ao lar materno. Por isso, Marie decide sabotar a receita, na esperança de não perder o seu último trunfo.

Numa família real uma sogra/mãe aflita com a saída de casa do rebento mais novo tentou sabotar a compra de uma máquina de lavar roupa. Vencida nesta batalha, não esmoreceu e partiu para a guerra: detentora das chaves de casa do filho, “assaltava-lhe” a casa, “sacava” um molho de roupa e… enfiava-se num táxi. Tinha medo de deixar de ser útil. Pior: receava que o filho deixasse de a visitar a partir do momento em que ela deixasse de ser “prestadora de serviços”.

Estes dois exemplos ilustram relativamente bem a angústia por que algumas mulheres passam aquando da saída de casa dos filhos. Nalguns casos, a dedicação exclusiva ao papel parental durante anos a fio faz com que a síndrome do ninho vazio se instale. Quanto maior a exclusividade a este papel, maior a necessidade de o jovem casal traçar fronteiras claras em relação às famílias de origem.

A nova família precisa de espaço para criar as suas próprias regras, os seus hábitos e os seus limites, do mesmo modo que os pais/sogros precisam de se reencontrar com a sua conjugalidade e, eventualmente, descobrir outros papéis. Não sendo uma “tarefa” fácil, também não é impossível.

Claro que as coisas ficam mais complicadas quando há incapacidade de cada um dos membros da família expor de forma clara e honesta as suas necessidades e os seus sentimentos. Nesse caso, os equívocos de comunicação multiplicam-se, geram-se fossos e a distância geográfica passa a ser, de facto, acompanhada pela distância emocional.

Aos mais jovens cabe a função de empatizar com as perdas por que os mais velhos passam neste período, tolerar alguns excessos e evitar cortes abruptos.

Aos mais velhos caberá a função de aceitar a inevitabilidade da mudança e a assunção de que daí também advêm aspectos positivos.
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