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25.1.06

A MENTIRA NO CASAMENTO


Assertividade (conjugal) é a expressão directa, honesta e clara de sentimentos, pensamentos, necessidades e opiniões, sem ferir, humilhar ou faltar ao respeito de forma intencional (ao cônjuge). A mentira está quase sempre associada à falta de assertividade, constituindo um comportamento passivo.

O comportamento passivo, como o nome indica, é marcado pela dificuldade em expor de forma clara e honesta uma posição, em particular quando a pessoa antecipa que essa perspectiva é contrária à do cônjuge. Embora reconheça a importância da honestidade, a pessoa experimenta níveis de ansiedade muito elevados, pelo que adopta uma postura passiva – falseando a sua opinião, ou omitindo-a. Este comportamento de fuga acarreta, no entanto, grandes desvantagens, quer para o próprio, quer para a relação conjugal.

A mentira surge, aos olhos do cônjuge que a utiliza, como a resposta mais eficaz para lidar com a divergência de opiniões, numa tentativa de evitar situações de conflito. No entanto, este comportamento impede que os membros do casal exponham as suas necessidades e/ou os motivos do seu descontentamento. O resultado é, quase sempre, o aumento da insatisfação conjugal de ambos.

Do outro lado deste “jogo” está muitas vezes um cônjuge demasiado avaliador. A psicorrigidez (obediência estrita a determinados princípios) associada à utilização excessiva de juízos de valor não favorece a assertividade conjugal. Se esta inflexibilidade se traduzir em críticas sistemáticas ao comportamento do cônjuge, aumenta a insatisfação e o fosso entre os membros do casal.

Por outras palavras, o medo de não conseguir agradar ao companheiro pode levar a que uma pessoa pouco assertiva (e quase sempre insegura) opte pela mentira.

As mentiras mais frequentes estão relacionadas com a gestão financeira, com o aparecimento de novos amigos e, nos casos mais graves, com a infidelidade.

Seja qual for a forma como a mentira é identificada – descoberta acidental, denúncia a partir de terceiros ou partilha por parte da pessoa que mentiu – o resultado é sempre o mesmo: decepção e quebra de confiança.

A ausência de juízos de valor pode favorecer o diálogo aberto sobre o tema em causa, mas é preciso identificar os sentimentos subjacentes à mentira – medo, vergonha, timidez, falta de auto-estima – bem como as lacunas que permitiram que o casal caísse nesta teia.

Conta-me os teus truques e fintas
Será que os nikes fazem voar?
Diz-me o que sabes e não me mintas
Ao menos em ti posso confiar
Excerto do poema “Não me mintas” de Carlos Tê, interpretado por Rui Veloso.
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