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17.7.06

O VERÃO E O AMOR

O Verão é a estação do ano mais vezes associada à paixão e aos romances (mais ou menos) efémeros. O calor põe os corpos a descoberto e a sensualidade de cada um parece atingir o seu máximo. Por outro lado, os dias são mais longos e luminosos, o que contribui para o melhoramento da disposição. E o facto de a generalidade das pessoas usufruir de um período de férias nesta altura contribui para que os níveis de stresse baixem de forma significativa. Assim, reúnem-se os ingredientes propícios ao convívio, às saídas com amigos e à descoberta de novas relações. Afinal, quem é que nunca viveu um amor de Verão?

Para alguns casais esta paixoneta acaba por evoluir e consolidar-se numa relação mais séria. Noutros casos, a chegada do Outono e o regresso à rotina académica ou profissional implica o esmorecimento dos sentimentos e o romance acaba.

Mas o efeito do Verão no início das relações é sobejamente conhecido. Como é que os casais que estão juntos há mais tempo vivem este período? Constituirá a estação uma oportunidade para aquecer a relação? Ou será uma oportunidade para conhecer outras pessoas?

Vejamos as estatísticas: segundo dados do INE, é no Verão que os portugueses casam mais; por outro lado, o maior número de divórcios ocorre no quarto trimestre do ano, ou seja, após as férias – os números atingem o pico no mês de Outubro. Além disso, a experiência clínica evidencia o aumento da procura de terapia conjugal depois do Verão.

As férias em família proporcionam o aumento da proximidade entre os membros do casal, mas também em relação aos filhos e à família de origem, em detrimento da pressão profissional e das correrias do dia-a-dia. Para os casais que se amam e que comunicam eficazmente, esta é a ocasião perfeita para investirem intensamente na relação, tirando partido das saídas românticas, partilhando com a família de origem os cuidados prestados às crianças, e desenvolvendo programas com os filhos (que não seria possível realizar ao longo do resto do ano).

Mas as dificuldades acumuladas ao longo do ano também podem agudizar-se durante a «silly season». Se os membros do casal usarem os contratempos do quotidiano para fugirem aos problemas ou para evitarem a exposição clara de pensamentos, sentimentos e divergências, a idealização das férias dá rapidamente lugar à frustração e à sensação de que «saltou a tampa». A verdade é que, nestes casos, o aumento do contacto entre os membros do casal potencia o confronto, a irritação e o desgaste. Por exemplo:

- Se a sexualidade esfriou sem que os cônjuges se empenhassem verdadeiramente em perceber as causas, é natural que durante as férias, o problema se torne mais evidente.

- Se os problemas de comunicação foram sistematicamente justificados através da falta de tempo, as férias podem implicar o aumento das discussões (aparentemente) sem motivo.

- Se os membros do casal deixaram de partilhar experiências, sentir-se-ão como dois estranhos em viagem ou, na melhor das hipóteses, como uma equipa empenhada em proporcionar momentos agradáveis aos filhos.

- Se o amor amornou, a companhia do cônjuge 24 sobre 24 horas pode criar a sensação de que as férias são um inferno.

- Se um dos cônjuges iniciou uma relação extraconjugal, os comportamentos comprometedores tornam-se mais evidentes.

Daí que para alguns casais o fim do Verão esteja associado ao fim da relação ou à necessidade de reavaliar alguns dos seus parâmetros.

O aspecto mais positivo destas correlações diz respeito ao facto de as férias representarem um teste à relação. E felizmente existem muitos casais para quem a prova é claramente superada. Mais: mesmo para os casais que estão a atravessar um processo terapêutico, este pode ser um período de reaproximação mais poderoso do que meia dúzia de sessões de terapia conjugal. E há alguns casos ilustrativos. Quando isso acontece, ou seja, quando as férias servem para aligeirar os problemas e reinvestir na relação amorosa, é importante que os membros do casal se sintam valorizados – afinal, o amor e a vontade de fazer com que as coisas funcionem são mais fortes do que as circunstâncias desfavoráveis.


Flutuo
Flutuo, consigo deslindar o meu gosto sem esforço
Balanço é o que a maré me dá e eu não contesto
O meu destino, está fora de mim e eu aceito
Sou eu, despida de medos e culpas confesso

Hoje eu vou fingir que não vou voltar
Despeço-me do que mais quero
Só para não te ouvir dizer que as coisas vão mudar amanhã

Flutuo, consigo deslindar o meu gosto sem esforço
Balanço é o que a maré me dá e eu não contesto
Amanhã pensar nisso sempre me dá mais jeito
Fazer de mim pretérito mais que perfeito

Hoje eu vou fingir que não vou voltar
Despeço-me do que mais quero
Só para não te ouvir dizer que as coisas vão mudar amanhã
Hoje eu vou fugir para não me dar
À vontade de ser tua
Só para não te ouvir dizer que as coisas vão mudar amanhã
Amanhã, amanhã

Flutuo

Poema (e Música) de Susana Félix
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