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7.11.07

ROTINA VERSUS REACENDIMENTO DA PAIXÃO

Numa altura em que os temas relacionados com a Família e o Casamento “tomam conta” das revistas femininas e das chamadas “news magazines”, a generalidade dos leitores é “bombardeada” com artigos mais ou menos sérios sobre a questão secular “Como combater a rotina no casamento”… O tema interessa tanto a leigos como a profissionais especializados, pelo que os estudos sobre conjugalidade também procuram encontrar algumas respostas.

As características/ factores que mais contribuem para que nos apaixonemos por outrem estão amplamente estudadas e incluem variáveis tão eclécticas como o aspecto físico, a partilha de interesses, a proximidade física, a admiração mútua ou a partilha de valores. O(s) motivo(s) por que ficamos caidinhos por alguém variam de pessoa para pessoa e também podem mudar em função do momento por que estamos a passar. Aquilo que vivemos, designadamente as experiências mais dolorosas, transforma-nos, fazendo com que olhemos para o que nos rodeia de forma condicionada.

Mas aquilo que nos aproxima de outra pessoa, fazendo com que nos sintamos “nas nuvens”, “com borboletas no estômago” e/ou “com o coração aos saltos” nem sempre é suficiente para que a relação se mantenha.

Como é sabido, o amadurecimento de uma relação implica a diminuição da activação fisiológica – estaríamos literalmente “tramados” se vivêssemos constantemente sob esta aceleração -, mas acrescenta intimidade, entrega, apoio, união, partilha e tantos outros parâmetros que caracterizam o amor romântico. Para aqueles que mantêm uma relação feliz, o tempo não é um inimigo e a rotina não representa um fantasma. Mas isso não significa que estejam acomodados nem que tomem o cônjuge como garantido. Ainda que a inovação não seja para estes casais uma obsessão, estão disponíveis para mudar em nome da relação.

Tenho muitas reservas em relação a quaisquer receitas apresentadas como fórmulas infalíveis para salvar uma relação. E a variedade anunciada cresce de dia para dia: para alguns, o segredo reside em manter um aspecto físico suficientemente interessante (para evitar que o companheiro olhe para o lado?); para outros, desde que o casal invista em saídas românticas regulares, está tudo safo; outros ainda apregoam a infalibilidade de técnicas exóticas capazes de revolucionar a vida sexual de qualquer um!

Se é verdade que não podemos viver permanentemente embriagados pela paixão, também importa saber que as “borboletas no estômago” podem manter-se ao longo da relação. E os casais felizes sabem disso. Reacender o casamento (ou o namoro) depende sobretudo da disponibilidade para amar, ou seja:
  • Aspecto físico – Esta é uma variável incontornável quando se fala de amor romântico. Nem todos amamos os magros ou os altos, não valorizamos as mesmas características. Quando Vinicius disse “Que me perdoem as feias, mas beleza é fundamental” manifestou uma característica comum a todos os seres humanos: gostamos do que é belo. Estar disponível para amar implica que sejamos assertivos com o nosso cônjuge, que digamos a verdade quando ele(a) nos pergunta se está gordo(a), em particular se essa gordura condicionar o nosso desejo. Mas também implica que não nos sintamos agredidos se o nosso companheiro nos criticar o desmazelo, ou nos estimular a mudar.
  • Partilha de interesses – Para alguns casais juntos há muito tempo, fazer coisas juntos resume-se a ir ao hipermercado, levar os filhos a qualquer lado ou, na melhor das hipóteses, jantar fora aquando do aniversário de casamento. Ora, assim não há paixão que resista! A vida a dois implica muitas agruras, pelo que cada um dos membros do casal é responsável por reinventar periodicamente a relação através de programas/ saídas que constituam uma fonte de prazer para os dois. Mais: os casais que riem juntos, que se divertem, também lidam de forma mais eficaz com os momentos de tensão.
  • Proximidade física – A maneira mais fácil de fazer com que o seu cônjuge olhe de maneira diferente para os(as) colegas de trabalho será votá-lo ao abandono. Se no início da relação “aquela” pessoa é a coisa mais importante da nossa vida, por que há-de passar para segundo ou terceiro plano ao fim de alguns anos? Passar muito tempo juntos nem sempre é viável, já que existem outras áreas da vida a que temos que dar atenção, mas é fundamental que nos esforcemos para estar com a pessoa amada. A verdade é que nós arranjamos sempre tempo para o que é importante e, quando alguém, durante muito tempo, não tem tempo para nós…
  • Admiração mútua – Uma das razões subjacentes ao facto de querermos estar sempre perto de determinada pessoa tem a ver com a forma como nos sentimos quando estamos na sua companhia. Elogiar o cônjuge, valorizar as suas competências (mesmo aquelas aparentemente insignificantes) não é bajulação, é amor.
  • Comunicação – Amar implica entrega, mas também vulnerabilidade. Quanto mais e melhor expusermos os nossos sentimentos à pessoa de quem gostamos, maior será a intimidade conjugal. Mas, como aqui tenho dito, para comunicar eficazmente é preciso muito mais do que frontalidade. É, sobretudo, importante que estejamos disponíveis para nos revelarmos e para lidar com aquilo que o nosso cônjuge tem para nos dizer. Já reparou que os casais apaixonados conversam muito? É mais fácil sentirmo-nos atraídos por alguém se essa pessoa se interessar genuinamente por aquilo que dizemos, fizer perguntas e ouvir as respostas.
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