
Hoje mais de metade dos casais optam pela co-habitação e desses só uma parte é que oficializa a relação, pelo que importa olhar para as diferenças destes dois formatos. Antes de mais, a generalidade dos casais aponta razões de ordem prática na altura de avançar para a co-habitação: pagar a renda de uma casa é mais barato do que suportar duas rendas; limpar e arrumar um só apartamento é menos pesado. Por outro lado, a maior parte destes casais também reconhece que a co-habitação pode servir para avaliar até que ponto conseguem adaptar-se à vida a dois, para se prepararem para o casamento ou para testar se é realmente com aquela pessoa que vão querer passar o resto da vida. Mas ao contrário do que são as expectativas dos jovens casais, o facto de duas pessoas viverem juntas antes de casar pode não ser sinónimo de aprendizagem e muito menos de garantia de felicidade.
Nalguns casos há diferenças significativas entre as expectativas com que cada um dos membros do casal parte para a co-habitação, o que pode determinar os níveis de satisfação conjugal. Por exemplo, é relativamente comum deparar-me com casais que, estando a viver juntos há alguns anos, enfrentam divergências em relação à oficialização da relação – um quer casar, enquanto o outro prefere manter a união de facto. Ora, de um modo geral, os casais que vivem juntos sem planos para casar mostram-se mais insatisfeitos com a sua relação conjugal do que os casados. No entanto, as pessoas que vivem juntas e que alimentam o sonho de casar apresentam níveis de satisfação conjugal semelhantes aos das pessoas casadas.
No que diz respeito à probabilidade de separação também existem diferenças significativas entre estes dois grupos: a probabilidade de ruptura no primeiro ano de vida em comum é oito vezes maior entre os casais que optam por viver juntos em vez de casar; no segundo ano a probabilidade é quatro vezes maior; e no terceiro ano é três vezes maior.
Um estudo recente veio mostrar que se uma pessoa já viveu com vários parceiros amorosos a probabilidade de vir a casar é menor do que se a experiência de co-habitação apenas foi partilhada com um companheiro. Mais: quando alguém que já viveu em união de facto várias vezes decide casar, a probabilidade de divórcio é muito alta (mais do dobro do que entre as pessoas que só viveram juntas com um parceiro).