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21.1.10

CRISE NO CASAMENTO


Desesperados. Se eu tivesse de resumir a forma como se sentem as pessoas que me procuram em sede de terapia conjugal, diria que o desespero é a emoção predominante. Como se imagina, não é propriamente de ânimo leve que alguém decide escancarar a sua intimidade com um estranho - mesmo que esse estranho seja um especialista em terapia familiar.


Cada caso é único. Cada pessoa carrega as suas fragilidades. E todos os dias me surpreendo com os detalhes das histórias de vida que me são dadas a conhecer. Mas independentemente dessas especificidades, habituei-me há muito tempo a ver para além da superfície. Independentemente do nome que é dado aos problemas, independentemente dos temas sobre os quais versam as discussões, independentemente até da forma como o casal discute, eu sei que aquilo que está por detrás do pedido de ajuda (e consequentemente por detrás da crise conjugal) é um problema de vinculação. O que quero dizer é que quando deixamos de nos sentir seguros dentro da nossa relação, quando deixamos de sentir que a pessoa que amamos é capaz de nos amparar, de estar "lá" quando é preciso, sentimo-nos alarmados. Como nem todas as pessoas funcionam da mesma maneira, existem formas muito diferentes de exteriorizar esta insegurança. Quando os "gritos" de ajuda, ou os pedidos de colo, como prefiro chamar-lhes, não são claramente entendidos pelo outro, sentimo-nos frágeis, refilamos, amuamos, refilamos e, não raras vezes, alimentamos ciclos viciosos.


Trabalhar com casais implica perceber a dinâmica que entretanto se instalou. Muito além das dificuldades de comunicação, a que também importa dar resposta, é fundamental conseguir que cada um dos membros do casal seja capaz de compreender de que forma estará a alimentar aquilo a que eu chamo de "discussões perigosas". Esse auto-conhecimento é um dos primeiros passos para que ambos compreendam o desespero do outro. É que, não raras vezes, a dor é tão grande, e as discussões são tão destrutivas, que se torna difícil vislumbrar alguma esperança e o cônjuge começa a ser visto como um adversário. Ninguém está à espera de ser magoado pela pessoa que ama. Ninguém está à espera de sofrer tamanha desilusão. Felizmente, o desespero pode dar lugar à segurança – o importante é pedir ajuda.



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