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2.9.10

DOENÇAS CARDIOVASCULARES E DEPRESSÃO

As doenças cardiovasculares são, como se sabe, a principal causa de morte entre os portugueses e são também uma das principais causas de incapacidade. Tenho trabalhado com algumas famílias marcadas por este drama e sei que, mesmo quando se sobrevive a um AVC ou a um enfarte, há sequelas emocionais que nem sempre são facilmente ultrapassáveis. Algumas pessoas queixam-se porque o cônjuge “nunca mais foi a mesma pessoa” desde o adoecimento; outras apontam a intervenção cirúrgica ou a anestesia como responsáveis pelas mudanças de comportamento. Em quase todos os casos há um elemento comum: a dificuldade em perceber o humor negativo, particularmente numa fase em que a vida deveria ter ainda mais sabor.

Se é verdade que o confronto com uma doença grave e potencialmente fatal pode ajudar-nos a relativizar a dimensão dos problemas e, até certo ponto, levar-nos a aproveitar a vida e os laços afectivos de forma mais intensa, também é certo que muitas destas pessoas se sentem deprimidas na sequência destes acometimentos. Todos os adultos sabem que são mortais mas, em nome da nossa sanidade mental, não passamos propriamente os nossos dias a pensar nisso. Mas um susto como este implica uma tomada de consciência maior e as necessárias mudanças em termos dos hábitos alimentares e de outras condicionantes do estilo de vida. Estas alterações podem ser difíceis de gerir, pelo que os familiares mais próximos sentirão alguma dificuldade em lidar com as flutuações de humor associadas.

Além disso, há alguns medos irracionais que, quando não são expostos em sede própria, podem minar as relações afectivas. Por exemplo, muitos destes doentes têm medo de retomar a sua vida sexual, associando o acto sexual à hipótese de um novo distúrbio cardiovascular ou até ao risco de vida.

Nalguns casos pode ser conveniente a intervenção multidisciplinar, em que o doente é medicado com antidepressivos e acompanhado por um psicólogo. Pode ser importante que este acompanhamento seja estendido à família através da terapia familiar.
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