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29.12.10

OS MIMOS NUMA RELAÇÃO

Nenhuma relação afectiva é feita apenas de bons momentos. Na verdade, os momentos mais difíceis também podem fortalecer uma relação, seja de que natureza for. Mas, como todos sabemos, existem períodos de maior afastamento, de alguma desconexão emocional, em que as pessoas que mais amamos são precisamente aquelas de quem nos sentimos mais distantes. Sem darmos conta, é relativamente fácil cedermos à pressão do quotidiano, fechando-nos sob nós mesmos. É-nos fácil queixarmo-nos da falta de demonstrações claras de afecto, da falta de mimos, mas nem sempre nos apercebemos daquilo que (não) estamos a dar deste ponto de vista.

Centremo-nos num ritual diário: a chegada a casa, ao fim de um dia de trabalho. As pessoas que se sentem amparadas pela sua família, felizes no seu casamento, sabem que, ao chegar a casa, serão recebidas com um beijo, um abraço, ou pura e simplesmente com um sorriso na maior parte dos dias. Quando, pelo contrário, o regresso a casa é uma fonte de angústia e stress, é possível que as relações familiares estejam a atravessar um período difícil, que requer atenção e, eventualmente, a ajuda especializada.

Quando há filhos pequenos, contas para pagar, sonos em atraso e tempo a escassear nem sempre é fácil conectarmo-nos às pessoas de quem gostamos, mostrando o nosso afecto. Mas, se pararmos para pensar, alguma coisa está errada quando as frases com que brindamos o nosso cônjuge à sua chegada são “Então, compraste o medicamento para a miúda, como te pedi?”, “Não me digas que te esqueceste de levantar o casaco na lavandaria”, “Ainda bem que chegaste, ajuda-me aqui a tratar da roupa”. As tarefas diárias têm de ser realizadas e é bom que o sejam em equipa, mas não devem substituir os afectos. A probabilidade de os membros do casal enveredarem numa discussão que tem tanto de inútil quanto de desgastante é muito mais elevada quando as pessoas se “esquecem” dos mimos. Talvez por isso nos seja mais fácil dedicar gestos de afecto aos nossos animais de estimação, que nos recebem invariavelmente de forma calorosa.

A investigação referente às relações amorosas é unânime: é fundamental criar laços, rotinas de afectos, rituais de mimos para que nos sintamos próximos daqueles que amamos. Quando estamos fisicamente próximos da pessoa amada, quer seja através de um abraço ou durante o acto sexual, o nosso corpo liberta hormonas específicas – a oxitocina e a vasopressina, que contribuem para que nos sintamos calmos e felizes.

Para além do regresso a casa, existem outros momentos do dia em que é possível criar rotinas de afecto, códigos inerentes a cada casal:
  • Ao acordar;
  • Quando um dos cônjuges sai para trabalhar;
  • Ao deitar.

Independentemente destes momentos “de transição”, os afectos podem ser manifestados a qualquer hora e em qualquer lugar. E estas demonstrações são particularmente importantes nos momentos de stress. Talvez não nos passe pela cabeça pedir um abraço quando a relação está tensa. Isso pode até fazer com que nos sintamos mais vulneráveis. Mas o resultado é com certeza mais positivo do que quando desatamos aos gritos com o nosso cônjuge.

Não será certamente por acaso que, na rede social do momento, o Facebook, existe um grupo com quase 200 mil fãs cujo nome é "Necessito de um abraço. Não perguntes, não digas nada... Abraça-me apenas...".
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