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2.5.13

ACONSELHAMENTO PRÉ-MATRIMONIAL

A terapia de casal está comummente associada a crises conjugais, problemas sérios na relação, situações de rutura iminente. Além disso, e porque esta forma de ajuda clínica implica quase sempre algum esforço financeiro, associamo-la mais frequentemente a casais de meia-idade, com alguma estabilidade profissional ou financeira. A ideia de duas pessoas apaixonadas, prestes a dar o nó, recorrerem a um terapeuta conjugal para se prepararem para o casamento pode, por isso, parecer um capricho. Teoricamente esta é, no entanto, uma das aplicações da terapia de casal. De resto, a celebração religiosa do casamento inclui em muitos casos alguma forma de aconselhamento pré-nupcial. Para os católicos, por exemplo, esta orientação é feita por equipas CPM (Centros de preparação para o Casamento). E se para alguns noivos estas sessões de reflexão representam sobretudo uma formalidade necessária para o cumprimento da cerimónia solene, para outros acaba por funcionar como uma oportunidade para pensar em questões importantes de um ponto de vista diferente. Se, nesse percurso, os noivos tiverem a sorte de se cruzar com equipas motivadoras e desafiantes, aquilo que inicialmente era encarado como um mal necessário ou uma seca pode transformar-se numa mais-valia com frutos que podem ser colhidos ao longo do matrimónio.

Independente de o aconselhamento pré-matrimonial resultar de uma imposição da instituição religiosa, de uma atitude consciente e responsável de quem está prestes a assumir o compromisso mais importante da sua vida ou até na sequência de dúvidas e inseguranças a respeito desse passo, esta é SEMPRE uma oportunidade para parar e ponderar sobre uma escolha que é, de facto, muito relevante para a generalidade de nós. Se tivermos em consideração o número crescente de divórcios e o facto de nem todos os casamentos resultarem de uma decisão amadurecida da parte dos noivos, então torna-se mais fácil perceber a pertinência desta ajuda.

Infelizmente, para algumas pessoas casar é apenas celebrar o amor ao lado de familiares e amigos. Daí que, quando alguém anuncia que decidiu casar, seja mais fácil pensar de imediato nos pormenores da festa e respetivos preparativos. Preparação para o casamento equivale, em muitos casos, a meses de dedicação à conceção da festa perfeita. Não tendo nada contra a festa do dia do casamento – de resto, esta é uma oportunidade para dar continuidade à construção de memórias positivas na vida a dois -, cumpre-me o dever de chamar a atenção para o que são os desafios do casamento.

Porque nem todas as pessoas se preparam para o que vem depois da festa ou da lua-de-mel.

Porque nem todas as pessoas resistem aos primeiros embates, às primeiras crises.

Na verdade, todas as teorias românticas que nos condicionam o pensamento e contribuem para a elevação de expetativas nos levam a acreditar que é possível amar a mesma pessoa a vida toda sem percalços. Nos filmes a história acaba quase sempre quando o romance está no auge, nos livros as crises são maravilhosamente superadas pela intensidade dos sentimentos dos protagonistas e na vida real… as dificuldades sucedem-se e a frustração acumula-se.

A terapia de casal é, por isso, muito mais do que a resposta profissional para casamentos à beira do fim. É, ou pode ser, uma ferramenta poderosíssima no sentido de permitir que os noivos partam para o casamento com mais competências, com mais segurança, em suma, com mais defesas para os tempos difíceis que também compõem a vida a dois. Teoricamente não está ao alcance de todos – precisamente porque implica algum esforço financeiro. Na prática, não só é um bom investimento, como é significativamente mais barata do que boa parte dos pormenores à volta dos casamentos. Infelizmente, em Portugal gasta-se muito dinheiro na preparação da festa do casamento – tanto que algumas famílias chegam mesmo a endividar-se em nome das convenções sociais – mas recua-se quando os gastos envolvem coisas como a terapia.

E o que é que se espera de um processo terapêutico nestas circunstâncias? Antes de mais, que os membros do casal reflitam, a dois, sobre o caminho percorrido até aí, identificando os recursos que compõem a sua relação, mas também as fragilidades. Por outro lado, é fundamental que sejam capazes de meditar sobre os compromissos inerentes ao passo que pretendem dar. Se é verdade que, para a maior parte das pessoas, o casamento é muito mais do que um contrato assinado por duas pessoas, na prática é muito importante que os noivos assumam que, com a vontade de celebrar publicamente o seu amor, deve vir a capacidade para cumprir com algumas obrigações (obrigações, sim!), bem como a capacidade para ceder, recuar, “dar o braço a torcer”. Ao longo desta caminhada, como acontece quase sempre noutros processos de terapia de casal, são desafiados a olhar para áreas da vida a dois tão sensíveis como a gestão do dinheiro, a intimidade sexual ou as relações com a família alargada.
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