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21.5.15

OS CASAIS E O DINHEIRO (5 PERGUNTAS IMPORTANTES)


Qual é a forma certa de gerir o dinheiro numa relação? Cada um deve ter a sua própria conta? Deve existir sempre uma conta conjunta? Será que os casais mais felizes só têm uma conta? E as despesas? Deverão ser divididas de forma simétrica? Ou de forma proporcional ao que cada um ganha? E o que é que acontece se um não trabalhar? Ou se ficar desempregado?

O dinheiro é um dos assuntos sensíveis numa relação (a par do sexo, da educação dos filhos e da relação com a família alargada). Na prática, falar de dinheiro é falar da liberdade e do poder de cada membro do casal. Mas também é falar de confiança e de segurança emocional.

Não há uma resposta “certa” para esta pergunta. Há casais felizes que têm contas conjuntas; e há casais felizes que não têm. Alguns casais optam por ter 3 contas: uma para cada um mais uma conta conjunta, onde cada um coloca uma parte do que ganha (seja para as despesas correntes, seja para poupar para um objetivo comum). Este é apenas um exemplo de um compromisso TEMPORÁRIO. O mais importante é que duas pessoas que se amam sejam capazes de conversar abertamente sobre as necessidades, as preocupações e os sonhos de cada um. É absolutamente normal que no início de uma relação haja alguns desencontros. É normal que um seja mais poupado do que o outro. É normal que um sinta mais gosto em poder comprar peças de roupa, relógios, peças para o carro ou outra futilidade qualquer todos os meses. Se a vontade de fazer com que a relação dê certo e a vontade de fazer a pessoa que está ao nosso lado feliz se sobrepuserem à crítica e aos juízos de valor, tudo se torna mais fácil. Isso significa que as conversas podem não ser sempre fáceis mas é possível chegar a acordos se cada um estiver disposto a ceder. Ceder é abdicar de alguns hábitos em nome de um bem maior: a relação, a família que se quer construir.

O desemprego é um dos desafios por que qualquer casal pode ter de passar. E na medida em que o dinheiro escasseie é normal que haja aflição. Ora, na medida em que duas pessoas se sintam inseguras (em relação à possibilidade de honrarem os seus compromissos) é muito mais provável que se descontrolem, que digam coisas sem pensar, que se magoem mutuamente. Isso não tem de ser dramático. É SEMPRE possível voltar atrás, reconhecer que se errou (por exemplo, se houver acusações injustas) e tentar olhar para o essencial. E o essencial, neste caso, é conseguir falar abertamente sobre os medos de cada um. Um casal pode sair ainda mais unido de uma situação de desemprego na medida em que um e o outro consigam falar sobre o que sentem e na medida em que essas emoções sejam reconhecidas pelo outro.

Tudo se torna mais complicado se, até aí, houver pouca prática no que diga respeito à capacidade de criar compromissos. Se estiver cada um por si, gerindo o próprio dinheiro sem ter de fazer quaisquer cedências, é natural que haja maior dificuldade de adaptação à nova realidade.

Na prática é essencial colocar algumas questões:

Como é que o seu amor se sente?
Do que é que ele(a) precisa?
O que é que você pode fazer para o ajudar (a estar mais feliz/ mais seguro(a))?
Como é que você sente em relação à possibilidade de sair da sua zona de conforto?
Que medos tem?
Quão importante é para si fazer com que a relação dê certo?

Já o disse várias vezes: um filho é um verdadeiro terramoto no ciclo de vida de um casal. Entre as noites mal dormidas, o cansaço, a mudança de rotinas, a falta de tempo para ‘não fazer nada’, os medos de cada um e as solicitações constantes de outros membros da família, é relativamente fácil que em alguns momentos ambos se sintam muito desgastados. E esta é precisamente a altura em que novos desafios financeiros surgem. Gasta-se muito mais dinheiro e, se não existirem compromissos prévios, é natural que pelo menos um dos membros do casal possa sentir-se muito alarmado. Basta que um seja mais poupado e que não haja o hábito de fazer cedências para que o facto de o outro comprar roupinhas novas para o bebé seja visto como uma ameaça (e haja nova explosão).

O que é que cada um pode fazer? Falar abertamente sobre os principais receios, expor calmamente as suas expetativas e, se ainda não o tiverem feito, conversar sobre a história pessoal de cada um. Quais são os principais marcos (financeiros) na sua vida? Qual é a origem dos seus medos? Por que situações aflitivas já passou? Dessa partilha sincera e, sobretudo, da capacidade de cada um para prestar atenção ao que o outro sente, resultará maior união e a sensação de que juntos ultrapassarão quaisquer desafios.
Algumas pessoas gastam muito dinheiro em restaurantes. Outras têm o (caro) hábito de fumar. Há quem compre roupa e sapatos como se não houvesse amanhã. E há quem não se importe de pagar uma fortuna por um carro. É normal. Pessoas diferentes têm gostos e hábitos diferentes. Aquilo que não é assim tão saudável é que duas pessoas que se amam estejam a borrifar-se para o que o mais-que-tudo sente. Sim, é saudável que uma pessoa que seja ‘apaixonada’ por roupa possa continuar a gastar algum dinheiro naquilo que a faz feliz. Mas é fundamental que, com o tempo, se crie uma identidade de casal, um “Nós”. E isso implica escolher NÃO fazer sempre aquilo que apetece – em nome do “Nós”.

Se tem tido dificuldades em aceitar a forma como o seu amor gasta o dinheiro e/ou se ele(a) está permanentemente a criticar a forma como você o faz, experimente:

1. Anote TODOS os seus gastos ao longo de um mês. Peça ao seu amor para fazer o mesmo e conversem sobre isso. Tente evitar os juízos de valor e explique como é que você se sente (identifique os seus medos e aquilo que o/a faz feliz). Do que é que cada um está disposto a abdicar? Que itens é que são negociáveis? O que é que é essencial para cada um?

2. Faça uma estimativa anual das suas despesas (individuais e familiares). Inclua aquelas despesas pontuais que costumam desequilibrar as contas (seguros, revisão do carro, férias, etc.). Conversem sobre isso. Como é que cada um se sente em relação à forma como o dinheiro é gasto? Que mudanças gostariam de conseguir implementar?

Quando um dos membros do casal insiste em gastar dinheiro naquilo que o/a faz feliz independente do que o outro sente, é facilmente rotulado de egoísta. Na prática, pode não estar consciente do impacto das suas escolhas. Pode sentir-se (injustamente) acusado e, em função disso, não estar a ser capaz de reconhecer que, por detrás de uma queixa, estão medos e necessidades legítimas. É fundamental parar para conversar (sem ataques).
Será que os membros do casal devem participar igualmente na gestão financeira? Uma relação pode ser saudável se só um for responsável por fazer os pagamentos e tomar decisões?

Para alguns casais felizes faz sentido que ambos participem na gestão financeira. As decisões são conversadas, ambos “controlam” os movimentos bancários, ambos estão responsáveis por fazer pagamentos. Para outros é mais confortável a ideia de um dos membros do casal ter essa tarefa. Não é que um se ‘demita’ ou que o outro queira controlar tudo. Essa escolha resulta da confiança mútua e do respeito pelo que cada um sente. Às vezes há um que tem mais jeito ou que está mais à vontade com estes assuntos.


Um casal pode ter uma relação feliz e duradoura mesmo quando é a pessoa que não trabalha (ou que ganha menos) que toma a maior parte das decisões respeitantes à gestão financeira. Porquê? Porque, como sempre, o mais importante é que cada um se sinta seguro. E, para isso, é essencial que haja um profundo conhecimento mútuo, que cada um se sinta capaz de expor as suas inseguranças, os seus medos e também aquilo que o/a faz feliz. Quanto mais uma pessoa viver com a certeza de que ao seu lado está alguém que se preocupa com os seus sentimentos e que se esforça para a fazer feliz, maior é a capacidade de confiar, delegando.
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