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9.3.10

AUTOCONHECIMENTO

Apesar da profusão de livros (uns mais sérios do que outros) sobre a importância do autoconhecimento e das acções de formação que visam promover a capacidade para reconhecermos as nossas características psicológicas, ninguém é capaz de fazer uma auto-avaliação rigorosa de todos os parâmetros emocionais. É certo que precisamos de um grau de autoconhecimento elevado para que possamos lutar pelos nossos objectivos e, consequentemente, sentirmo-nos realizados. E também é verdade que cada pessoa acaba por considerar que é o melhor juiz de si mesmo. Mas até que ponto conseguimos ser rigorosos na auto-análise? Por que delegamos tantas vezes nos outros a identificação das nossas principais qualidades e dos nossos maiores defeitos?

Em sede de terapia proponho muitas vezes às pessoas que me procuram que colham, por escrito, pequenos textos das pessoas que compõem a sua rede social. Proponho-lhes que se confrontem com as opiniões daqueles com quem se relacionam – quer intimamente, quer a um nível mais superficial. A experiência é quase sempre enriquecedora e terapêutica.

Cada pessoa é normalmente capaz de identificar alguns dos seus traços de personalidade. Qualquer pessoa é capaz de avaliar os seus níveis de ansiedade. Mas os amigos são o melhor barómetro no que diz respeito, por exemplo, à avaliação da inteligência e da criatividade. Por outro lado, até um estranho é capaz de fazer uma avaliação rigorosa a propósito de um domínio específico: a extroversão.

A personalidade não é aquilo que nós pensamos que somos; é aquilo que nós somos. Algumas pessoas pensam que, por definição, nós somos os especialistas sobre a nossa personalidade porque começamos por escrever a nossa história, mas a personalidade não é a história - é a realidade. O que é que isto quer dizer? Nós podemos transmitir aos outros a nossa “versão” a respeito de quem somos – com base nos nossos pensamentos – mas as pessoas com quem nos relacionamos vêem a realidade, independentemente daquilo em que nós acreditamos.

Nós revelamo-nos através de tudo aquilo que dizemos ou fazemos. Difundimos a nossa personalidade através da roupa que escolhemos, da forma como decoramos a nossa casa ou até daquilo que colocamos no perfil do Facebook. Revelamo-nos involuntariamente, deixando pistas acerca da nossa personalidade, de que nem sempre temos consciência.

Como cada pessoa é perfeitamente capaz de mascarar as suas emoções mais profundas, como a ansiedade ou a tristeza, os outros podem não conseguir fazer uma avaliação rigorosa a este respeito. Daí que a auto-avaliação seja mais precisa na determinação dos níveis de ansiedade. Mas ninguém é capaz de fazer uma auto-avaliação rigorosa a respeito da inteligência ou da criatividade.

Em média, as pessoas que nos conhecem melhor conhecem-nos tão bem quanto nós mesmos – nem melhor nem pior. Há coisas que nós sabemos sobre nós próprios e que elas não sabem e há coisas que elas sabem a nosso respeito e que nós não sabemos. Este confronto é normalmente muito interessante.
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