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6.12.10

CASAIS QUE OPTAM POR NÃO TER FILHOS

Apesar de convivermos, em pleno século XXI, com novas formas de família, a “ordem natural” das coisas continua a ser a de as pessoas encontrarem um parceiro, apaixonarem-se, casarem e terem filhos. É isto que, de um modo geral, esperamos daqueles de quem gostamos e, mesmo que nos assumamos como “modernos”, continuamos fiéis às tradições. A mensagem é clara praticamente desde o princípio: atiramos arroz ou qualquer outra coisa aos noivos à saída da igreja enquanto símbolo de fertilidade. Enquanto sociedade, esperamos que, mais cedo ou mais tarde, os casais tenham filhos.

A família alargada exerce alguma pressão – directa ou indirecta. Há aqueles que perguntam directamente “Já não está na hora?”; há os que lançam comentários mais subtis como “Não estão a pensar comprar uma casa com mais assoalhadas?”; há ainda os que avançam com avisos do tipo “Depois é mais difícil”, reportando-se à idade da mulher. De uma forma ou de outra, todos os casais acabam por sentir a pressão para alargar a família.

E se os membros do casal optarem por não ter filhos? Não me refiro aos casais com problemas de fertilidade, mas àqueles que, não tendo qualquer obstáculo fisiológico à concretização de uma gravidez, optam por não procriar. Aqui incluem-se as pessoas que optam por realizar uma intervenção cirúrgica que as impeça definitivamente de ter filhos (uma vasectomia no caso dos homens ou a laqueação de trompas no caso das mulheres). Serão estas pessoas mais egoístas do que as outras? Por que fazem esta escolha? O que os move?

Nalguns casos, os membros do casal assumem que dariam péssimos pais. O facto de um deles sofrer de alguma perturbação emocional (como depressão crónica), a existência de problemas de dependência de substâncias ou até o mau humor crónico podem estar na origem desta escolha. Mas há pessoas que poderiam ser óptimos pais e simplesmente fazem uma escolha que contraria as expectativas da família e dos amigos. Por que o fazem? Porque não querem sentir-se presos às responsabilidades inerentes à parentalidade. Estas pessoas sabem que, se tivessem filhos, poderiam ter de abdicar de alguns passos na carreira, de algumas viagens ou de outras vivências. Não querem ter de acordar à noite com o choro das crianças, nem se imaginam a ficar em casa para tratar de um filho doente. Muitas destas pessoas têm irmãos e amigos com filhos, conhecem as exigências associadas a este papel e optam pela paz e pela estabilidade que resultam de uma vida sem filhos.

Poder-se-á perguntar “Então, por que casaram?”. A resposta é relativamente simples: porque se amam e querem ficar juntos o resto da vida. Por que não deveriam casar?

Contra o vaticínio dos mais pessimistas, existem muitos casais idosos que olham para trás e não guardam qualquer arrependimento por esta escolha. Reconhecem que fizeram uma opção em consciência e que viveram uma vida feliz e produtiva, sentindo-se livres para absorver inúmeras experiências.
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