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30.12.10

VALE A PENA FAZER PSICOTERAPIA?

Uma das questões que mais frequentemente vejo colocadas em sede de terapia é “É possível mudar com a ajuda da psicoterapia?”. Afinal, se ouvimos tantas vezes dizer que “As pessoas não mudam”, será útil recorrer à terapia? Se sim, por que vemos algumas pessoas a tentar mudar, com ou sem terapia, sem alcançar qualquer progresso? O que poderá fazer a diferença?

Cada um de nós está em constante mudança mas quanto mais vezes repetimos determinados padrões comportamentais, mais enraizados estes ficam, tornando-nos resistentes à mudança. Assim, os maus hábitos podem confundir-se com a nossa própria maneira de ser, levando-nos a acreditar que a mudança é praticamente impossível.

A maior parte das pessoas pode mudar de comportamento, mas isso é mais difícil se existirem perturbações emocionais. Se uma pessoa estiver deprimida, é preciso tratar primeiro da depressão para que as mudanças desejadas possam ter lugar. Pelo contrário, quando uma pessoa tem a auto-estima elevada, é autodisciplinada e tem uma boa rede de suporte, a mudança é muito mais fácil. As pessoas mais ansiosas são obviamente mais resistentes à mudança, mesmo que se sintam desconfortáveis com a sua vida. Nestes casos, o medo do desconhecido é ainda pior do que o sofrimento actual.

Para que a psicoterapia seja eficaz, é preciso:
  • ENFRENTAR O PROBLEMA. Os problemas são, ao mesmo tempo, fontes de stress e oportunidades de crescimento. Enfrentar um problema implica usarmos a nossa força e as nossas competências mas, às vezes, é mais fácil culpar os outros, procrastinar ou até negar a existência das dificuldades. Fazemo-lo como mecanismo de defesa, para evitar o desconforto associado à mudança. É por isso que, não raras vezes, um problema permanece por resolver ao longo de vários anos, agravando-se ao longo do tempo. Infelizmente, é muito mais difícil gerir as dificuldades, mesmo em sede de terapia, quando as pessoas permitem que o tempo agrave o problema. Enfrentar o problema implica reconhecer a realidade como ela é, implica a confrontação com os factos e a busca de uma solução, em vez de atirar a poeira para debaixo do tapete. A aceitação (do problema) deve substituir a resignação para que o cérebro comece a procurar respostas para as dificuldades, para que as alternativas que até aqui não tinham sido consideradas possam, pelo menos, ser analisadas.
  • AUTO-RESPONSABILIDADE. Independentemente de se tratar de um pedido de ajuda individual, conjugal ou familiar, o desespero e a desesperança são frequentes no início de um processo terapêutico. Mas a mudança começa quando as pessoas conseguem ser honestas consigo mesmas e aceitam que, de algum modo, são responsáveis pela situação em que se encontram. Quando culpamos os outros pelas nossas dificuldades, é muito mais difícil reconhecer o nosso poder, a nossa capacidade para lutar pela felicidade. Até as verdadeiras vítimas de abusos têm o poder de mudar de vida. Temos de escolher se queremos ser parte da solução ou parte do problema. Assumir a nossa própria responsabilidade implica aceitar que aquilo que fazemos hoje é a semente para a mudança (ou para a estagnação) de amanhã. Auto-responsabilidade implica esforço, sim, mas também implica poder e liberdade.
  • ACTUAR. Para que as mudanças sejam alcançadas, não basta reflectir, é preciso tomar decisões. Claro que isso só pode acontecer quando a pessoa se sente preparada, não adianta forçar. Um divórcio, uma mudança profissional ou uma “simples” mudança de casa podem ser assustadores. Muitas vezes é preciso enfrentar o medo do desconhecido – a vida depois do divórcio ou as possíveis ameaças de um cônjuge abusador, por exemplo – e isso requer coragem. Às vezes, a mudança ocorre precisamente porque o sofrimento associado ao problema é de tal modo avassalador que suplanta o medo do desconhecido. O apoio da família alargada e dos amigos, bem como a ajuda do terapeuta são fundamentais para lidar com estas mudanças difíceis.
  • MOTIVAÇÃO. Não raras vezes, as pessoas resolvem mudar, entusiasmam-se com essa perspectiva mas, ao fim de alguns dias ou semanas, perdem o interesse e são incapazes de se auto-motivar. Convencem-se de que não são capazes, de que a mudança desejada é, afinal, difícil, pouco viável em termos financeiros, pouco prática, ou então negam o próprio sofrimento. De um modo geral, estas pessoas cresceram em ambientes familiares dominados pela crítica ou pela passividade, falhando no desenvolvimento de determinadas competências. Estas pessoas podem precisar de intervenção específica sobre a depressão – precisam de se conectar a si mesmas antes de conseguirem actuar.
  • AUTODISCIPLINA. Há quem diga que o sucesso é 1 por cento de inspiração e 99 por cento de transpiração e o mesmo é aplicável à mudança. É preciso esforço e concentração contínuos para que possamos alcançar resultados significativos. Muitas pessoas perdem a coragem quando não vêem resultados imediatos. De um modo geral, trata-se de pessoas que não aprenderam a adiar a gratificação durante a infância. Qualquer mudança é acompanhada de ansiedade e desconforto, pelo que é preciso manter a força de vontade para atingir os resultados pretendidos. Em psicoterapia, o processo de mudança não é linear – há avanços e recuos, estagnações e saltos - mas a persistência compensa.
  • COMPROMISSO. Para que uma mudança seja duradoura, é preciso que a pessoa se comprometa consigo mesma e com os seus objectivos e é preciso que seja fiel aos seus princípios. Para impedir que tudo volte ao que era antes, é importante olhar para o motivo do pedido de ajuda, para garantir que este expressa o verdadeiro “eu”, o verdadeiro bem-estar.

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