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19.7.11

A IMPORTÂNCIA DO PAI DEPOIS DO DIVÓRCIO

O divórcio faz cada vez mais parte do nosso léxico. Até os casais mais enamorados estão atentos às peripécias que a vida pode apresentar e sabem que, se um em cada dois casamentos acaba em divórcio, é porque os riscos que a era moderna apresenta são infindáveis. Desta banalização resultou a diminuição do estigma associado às pessoas divorciadas e aos filhos do divórcio. Resultou também a tomada de consciência a respeito da necessidade de salvaguarda dos interesses das crianças. Hoje sabemos que num divórcio é praticamente impossível evitar a dor, a sensação de perda e a ansiedade da separação mas estamos (quase) todos cientes de que, se cada um fizer a sua parte, o sofrimento das crianças é substancialmente menor e a probabilidade de este acontecimento ser superado ao fim de algum tempo é muito maior.

Não se pode exigir que as crianças não se entristeçam com a separação dos pais nem será razoável querer fazer escolhas que lhes permitam passar por todo o processo incólumes. Afinal, os adultos também sofrem, mesmo quando o divórcio resulta da assunção de que já não estão felizes juntos. Que as crianças se entristeçam é, por isso, normal. Com o apoio e a segurança dos pais essa tristeza será ultrapassada e dará lugar à adaptação a uma nova realidade, à estabilidade emocional e até, a prazo, à capacidade de ser feliz com a reconstrução familiar de cada um dos progenitores. O que não é saudável é que o divórcio implique que as crianças sejam forçadas a separar-se de um dos progenitores. Seja em que circunstância for, os pais podem e devem fazer TUDO o que estiver ao seu alcance para garantir que os seus filhos continuem a sentir-se amados e acompanhados por ambos. Ora, isso também passa por permitir que as crianças estejam tanto com a mãe como com o pai. Numa altura em que a informação está cada vez mais acessível e em que os pais e mães dão o seu melhor para se manterem informados a respeito das escolhas mais saudáveis para a educação dos seus filhos faz pouquíssimo sentido que se continue a acreditar que as crianças ficam melhor se estiverem à guarda da mãe.

A guarda partilhada, mesmo quando as crianças são pequenas, não é uma moda nem um capricho de pessoas que batalham pela inovação. Trata-se de uma escolha que traduz aquilo que a investigação em Psicologia da Família também mostra: as crianças sofrem mais com quando têm de viver a maior parte do tempo longe do pai do que quando o seu tempo é dividido entre os dois lares.

É, por isso, com alguma preocupação que assisto a situações clínicas em que um dos progenitores opta por viver com os seus filhos a centenas de quilómetros do ex-companheiro. Bem sei que depois do divórcio há pessoas que têm de reconstruir a sua vida praticamente do zero e que isso pode implicar mudanças sociais e profissionais profundas. Mas é preciso que o papel de pai/ mãe seja realmente encarado como prioritário e que as escolhas traduzam a vontade de continuar a dar aos filhos o melhor - quer em termos físicos/ materiais, quer (sobretudo) em termos emocionais.

Fazer sacrifícios em nome do superior interesse das crianças não é sempre fácil nem óbvio mas é a escolha emocionalmente mais inteligente de pais que se espera que sejam tão altruístas e descentrados quanto possível. Querermos as nossas crianças sempre connosco é normal, mas é preciso que, em caso de divórcio, reconheçamos que elas merecem estar com o pai tanto quanto com a mãe. O sofrimento dos adultos não deve mascarar o real interesse pelo bem-estar dos filhos.
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