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23.10.12

GUARDAR FOTOS DOS EX NO COMPUTADOR


Sou regularmente confrontada – em sede de terapia de casal, terapia individual e até por email – por pessoas que mostram tristeza e desapontamento quando percebem que o atual companheiro mantém no seu computador fotografias de ex-namorado(a)s. De um modo geral, estas pessoas mostram desagrado independentemente de se tratar de fotos banais ou de conteúdo sexual, no entanto, o desagrado – e a reivindicação de apagamento das respetivas fotos (e vídeos) é maior quando se trata de material que exponha a nudez.

Ainda que em boa parte destes casos o facto de aquela pessoa guardar estas fotografias não represente uma ameaça real à relação, a verdade é que muitos são os que evidenciam desconforto e insegurança. E é a partir daqui que tantas vezes surgem divergências que podem ameaçar a estabilidade da relação. Se os membros do casal transformarem a discussão num braço-de-ferro, mostrando-se incapazes de escutar atentamente as necessidades do outro e de empatizar com as emoções associadas, entrarão facilmente em ciclos viciosos em que há um que se mantém com a “pulga atrás da orelha” e faz buscas regulares ao computador e outro que se esquiva deste confronto prometendo apagar o respetivo conteúdo e escondendo-o em pastas mais ou menos ocultas. Passam então a estar reunidas as condições para a existência de discussões perigosas, sensação de incompreensão e distanciamento.

QUEM É QUE TEM RAZÃO?

No mínimo, se uma pessoa perceber que o cônjuge se sente inseguro ou desconfortável com a manutenção daquelas fotografias e, ainda assim, escolher mantê-las, estará a mostrar-se INSENSÍVEL. Pior do que isso, se essa pessoa optar por mentir, dizendo que apagará as fotografias, é legítimo que surjam dúvidas e inseguranças. Independentemente dos motivos que levem a que alguém o faça – e algumas pessoas prometem apagar estas fotografias não tanto porque empatizem com os sentimentos do cônjuge mas porque não conseguem mostrar a sua própria opinião de forma assertiva -, a verdade é que esta é e sempre será uma escolha desonesta e indigna de uma relação de compromisso.

Uma relação séria tem mesmo de
assentar numa base de confiança.

Ora, a partir do momento em que a confiança for quebrada pode ser muito difícil restaurá-la. E para muitos casais essa quebra acaba mesmo por ser irreversível.

É óbvio que o ciclo vicioso também é alimentado pelo cônjuge que opta por aquilo a que eu chamo dos “COMPORTAMENTOS À DETETIVE”, realizando buscas sucessivas ao computador (e ao telemóvel) do outro. Mas esse problema (demonstração de falta de confiança que também não dignifica nenhuma relação) é consequente da quebra de confiança inicial. Aquelas duas pessoas passam, entretanto, a mostrar falta de confiança e de transparência – ingredientes essenciais a qualquer relação.

Por mais difícil que seja assumir a realidade, a verdade é que se uma pessoa se mostra insensível aos sentimentos do cônjuge numa situação como esta, é muito provável que volte a fazê-lo no futuro, pelo que a insistência nesta relação pode ser uma má escolha. Além disso, quando alguém escolhe manter-se num relacionamento com uma pessoa em quem não confie pode estar a cometer um dos maiores erros das relações amorosas: considerar que vai conseguir mudar o outro.

Como tenho referido noutros textos,

É IMPOSSÍVEL MUDAR O CÔNJUGE.
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