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11.11.14

TRISTEZA OU DEPRESSÃO?


Como é que alguém sabe se a tristeza que sente é só tristeza ou se equivale a um estado depressivo? É uma questão de intensidade? Ou de duração? É preciso que haja outros sintomas associados para se considerar que uma pessoa não está apenas triste? Estará alguém capaz de fazer um diagnóstico a si próprio? Estas são perguntas que a maior parte das pessoas já colocou a si mesma, sobretudo perante a tristeza de alguém de quem se gosta. Se o marido, um irmão ou um amigo estiver triste, é normal que nos perguntemos: estará deprimido? Precisará de ajuda?

Fala-se tanto de depressão que há quem não possa ver alguém a chorar dois dias seguidos para colocar o rótulo: está deprimido. É preciso fazer alguma coisa! Procurar um psicólogo, tomar antidepressivos, sair para espairecer, fazer desporto. Vale tudo para fugir de uma emoção que é, afinal, tão normal. Sim, é normal que nos sintamos tristes em resposta a alguns acontecimentos. A morte de alguém de quem gostamos, o fim de uma relação, uma doença ou até uma situação de desemprego podem deixar-nos tristes. E muitas vezes essa tristeza não desaparece ao fim de dois dias. Cada pessoa tem o seu ritmo e se algumas não precisam de mais de um par de horas para chorar e, assim, seguir em frente, há outras que precisam de falar ininterruptamente sobre a sua angústia. Há quem sinta vontade de se isolar para gerir as mágoas e há quem faça de tudo para estar com outras pessoas e, assim, não sofrer tanto. Mas a tristeza é normal e adaptativa, o que significa que é saudável que a sintamos e que a exteriorizemos quando a vida nos rouba a vontade de sorrir.

Claro que também é normal que nos sintamos aflitos quando alguém à nossa volta parece afundar-se num estado de tristeza profunda. É natural que nos sintamos invadidos pela sensação de impotência e que assumamos a vontade de fazer alguma coisa.


Para poder seguir em frente, para poder completar o luto ou arregaçar as mangas. E quando nos concentramos em fazer o que estiver ao nosso alcance para que a outra pessoa saia rapidamente daquele estado emocional arriscamo-nos a desvalorizar as suas necessidades. Não é fácil dar autorização para que alguém se sinta triste. Porque isso também mexe com as nossas emoções. Mas é preciso fazê-lo.

Depois há alturas em que nos damos conta de que aquela tristeza não é normal nem adaptativa. Porquê? Porque a pessoa já está triste há meses e não dá qualquer sinal de que a intensidade da sua dor comece a diminuir. Ou porque percebemos que a pessoa não está apenas triste – deixou de comer, ou de dormir, ou de conseguir trabalhar. Há uma limitação do desempenho das tarefas banais. Não há sonhos, nem prazer. Não há vontade de lutar pelo que quer que seja. Ou então a pessoa até continua a trabalhar e a fazer aquilo que se espera que ela faça mas deixou de sorrir e anda permanentemente mal-humorada sem que se consiga vislumbrar a hipótese de mudança. E então, sim, é preciso fazer alguma coisa. Mas o quê?



Mostramo-nos disponíveis. Para ouvir, para ajudar, para estar “lá”, para procurar ajuda especializada, para ir com ela à consulta, para a ouvir de novo. E dizemos, com afeto, que “é normal” e que “vai passar”.
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