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16.2.16

COMO ULTRAPASSAR A CRISE DOS 7 ANOS NO CASAMENTO (OU OUTRA QUALQUER)


“Ao fim de sete anos de casamento começaram os problemas: o sexo deixou de existir, o meu marido deixou de mostrar qualquer carinho por mim e os dias iam passando sem que eu me sentisse amada e muito menos desejada. As coisas foram andando e quando estávamos prestes a completar 10 anos de casamento o impensável aconteceu: envolvi-me com outra pessoa.”

Quantas vezes já ouviu falar da crise dos 7 anos de casamento? Por que será que há aparentemente tantas relações que ao fim deste tempo sofrem sérias ameaças (e muitas chegam mesmo a terminar)?

O motivo tem um nome: habituação. Nós habituamo-nos a todas as situações.


É por isso que tantas vezes ao fim de 5, 6 ou 7 anos de casamento as pessoas habituam-se uma à outra e começam a sentir que a relação se transformou numa coisa entediante. Em muitos desses casos esta habituação manifesta-se com desinteresse sexual, sensação de que já não se está apaixonado e/ou envolvimento com uma terceira pessoa. Infelizmente, as taxas de divórcio não mentem: muitas pessoas despertam para esta dura realidade quando pelo menos uma delas já está decidida a terminar a relação.

Este tipo de crise conjugal leva a que algumas pessoas julguem que a felicidade só pode ser encontrada fora do casamento – pelo menos, fora daquele casamento. Mas, de um modo geral, voltam a casar e, ao fim de algum tempo, o problema repete-se.

Apesar de tudo isto, há casais aparentemente mais fortes, mais resilientes, que se mostram capazes de enfrentar estes períodos de maior afastamento e desconexão e que conseguem dar a volta, recuperando a satisfação conjugal e a vontade de dar continuidade àquele projeto de vida. O que é que os distingue? Que estratégias podem ser seguidas por outros casais para que a crise dos 7 anos (ou qualquer outra) possa ser ultrapassada?

CONVERSAS DIÁRIAS

Antes de mais, e como já tenho referido noutros textos, é fundamental que os membros do casal possam reconhecer a importância de encontrar tempo – e disponibilidade emocional – para conversar todos os dias sobre aqueles assuntos mundanos, pequeninos, que fazem parte do dia-a-dia de cada um. Eu chamo-lhes as conversas diárias sobre o mundo de cada um. Os casais mais felizes – e que continuam a achar que o casamento vale a pena – são aqueles que se mostram capazes de, a um ritmo diário, prestar muita atenção ao que o outro diz, mesmo quando se trata de assuntos aparentemente insignificantes. Eles sabem que o que é aparentemente irrelevante para um pode ser muito significativo para o outro. E escolhem ouvir atentamente e responder com afeto. Muitas vezes brincam com as situações, desdramatizando-as. Noutras alturas assumem apenas a postura de ombro amigo. E noutras procuram ajudar a resolver o que houver para resolver. Constroem, a dois, a sensação de que um está sempre “lá” para o outro e de que a vida a dois é muito mais rica e interessante do que qualquer outra escolha.

AJUDAR A CONCRETIZAR SONHOS

Quando duas pessoas conversam frequentemente sobre aquilo que cada uma sente e pensa – seja a propósito das próprias condições de trabalho, do estado do país ou de uma promoção que nunca mais chega – é mais fácil que haja conexão e satisfação conjugal. Por outro lado, também se torna mais fácil que o casamento se transforme numa saborosa aventura a dois, em que um conhece suficientemente bem o outro e faz o que estiver ao seu alcance para o ajudar a concretizar os seus objetivos.


A IMPORTÂNCIA DO TOQUE

É impressionante como os gestos de afeto são “milagrosos” numa relação afetiva. O toque da pessoa que amamos é reconfortante, é uma fonte inesgotável de segurança. Não é só o toque durante a intimidade sexual – a manifestação regular dos afetos sob a forma de gestos espontâneos de carinho e interesse fazem com que tudo faça indiscutivelmente mais sentido a dois. Os casais mais satisfeitos com a sua relação são aqueles que não se esquecem de alimentar a relação desta forma – dentro e fora da cama, como escrevi AQUI.

A IMPORTÂNCIA DA NOVIDADE

Não há como escamotear a realidade: a novidade é excitante.


E nem sempre é fácil garantir essa sensação quando se está com a mesma pessoa há 10 ou 20 anos. É por isso que os casais mais felizes também são aqueles que reconhecem a importância de não cair na monotonia. Planear umas férias a dois em sítios diferentes do habitual, concretizar saídas sem filhos e até sem os amigos do costume para fazer algo pela primeira vez, planear momentos a dois ou até surpreender a pessoa de quem se gosta com gestos românticos são estratégias que podem ser ajudar – e muito – a construir uma relação duradoura.

SABER PERDOAR


Tenho-o referido muitas vezes: ninguém é perfeito e, para que uma relação dê certo, é fundamental que saibamos escolher o “pacote” de defeitos que somos capazes de tolerar. A pessoa de quem se gosta vai falhar, vai magoar-nos, vai fazer escolhas erradas. Tal como nós. E há alturas em que esses erros podem revelar-se dolorosos e difíceis de gerir. É preciso falar sobre os assuntos difíceis e é preciso saber perdoar. Não vale a pena querer ter sempre razão. Libertarmo-nos através do genuíno perdão é uma das formas de continuarmos a viver um amor que nos preencha.
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