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4.1.17

TENTAR AGRADAR A TODOS NÃO FAZ DE SI UMA BOA PESSOA


…Faz de si um mentiroso.

Joana emprestou dinheiro a uma amiga. Meses depois, e apesar de a amiga mostrar alguns sinais de que a sua vida estaria mais estabilizada do ponto de vista financeiro, o dinheiro ainda não tinha sido devolvido. Quando o marido lhe perguntou «Porque é que não falas com ela?», Joana respondeu «Achas? Claro que não. Pode achar que estou a pressioná-la. Ou então ainda pensa que sou eu que estou com dificuldades financeiras.». Joana tinha decidido não incomodar a amiga para não passar uma má imagem. À medida que a amiga aparecia com artigos novos, Joana sentia-se indignada, desrespeitada. Começou a evitar os seus telefonemas e a inventar desculpas para não estar com ela. Se tivesse sido capaz de dizer qualquer coisa como «Não quero pressionar-te mas gostava que me dissesses quando é que conseguirás devolver o dinheiro que te emprestei.», o que é que poderia correr mal? A amiga até poderia, de facto, sentir-se pressionada mas, desta forma, estaria a par da necessidade de Joana e teria oportunidade de cumprir o seu dever e cuidar da amizade. Pelo contrário, a falta de assertividade desgastou ainda mais a relação e permitiu que Joana se sentisse mal consigo mesma.


Em função da vontade de agradar (ou simplesmente não contrariar), acabam por não ser honestas – nem consigo, nem com os outros.

Quantas vezes saiu do cabeleireiro,
de uma loja ou de uma repartição pública
com a sensação de lhe ter sido prestado um mau serviço?
 Quantas vezes reclamou os seus direitos de forma assertiva?

Sempre que engolimos um sapo, que é como quem diz ignoramos aquilo que sentimos, o mal-estar instala-se. Esforçarmo-nos para agradar a toda a gente à nossa volta faz mal à nossa saúde e ainda degrada as relações mais significativas.

Quando Carla começou a namorar com Luís, ele estava em litígio com a empresa onde tinha trabalhado. Carla tentou apoiar o namorado mas ao fim de alguns meses sentia-se desgastada por todo o tempo a dois ser dedicado a gerir assuntos relacionados com o conflito laboral. Embora se sentisse incomodada, ficou calada. Até ao dia em que decidiu romper a relação, deixando-o surpreendido. Se Carla tivesse dito algo como «Eu sei que este assunto é muito importante para ti mas eu preciso que prestes atenção às minhas preocupações.», não estaria apenas a exteriorizar o seu mal-estar em tempo real. Também estaria a dar oportunidade ao namorado de lhe mostrar que valoriza as suas emoções e as suas necessidades.


É legítimo que desejemos que as pessoas que gostam de nós se preocupem connosco, com as nossas necessidades. Mas às vezes elas estão tão mergulhadas nos seus problemas que podem esquecer-se de perguntar como nos sentimos. Chamar a atenção, confrontar, apelar pode não ser sempre fácil mas é essencial para que nos sintamos genuinamente amados e para que construamos relações afetivas (e não só) que sejam geradoras de bem-estar.
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