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20.7.17

CASAIS QUE SE SEPARAM VÁRIAS VEZES


Quando começamos uma relação, torcemos para que seja para sempre. Sabemos que não é fácil, conhecemos as estatísticas MAS acreditamos que é possível. À medida que o tempo passa, acontece um dos cinco cenários possíveis:

- Os laços fortalecem-se e as duas pessoas sentem-se genuinamente felizes.
- A relação deixa de ser uma fonte de segurança e bem-estar mas os membros do casal optam por fechar os olhos aos problemas. Alguns mantêm-se assim (insatisfeitos) o resto da vida.
- Há pelo menos um dos membros do casal que se sente infeliz e a relação termina. Cada um segue a sua vida.
- Há pelo menos um que se sente infeliz, a relação termina e algum tempo depois o casal reata e consegue ultrapassar os problemas.
- Há pelo menos um que se sente infeliz, a relação termina, há uma reconciliação e ao fim de algum tempo há uma nova separação… o círculo pode repetir-se várias vezes.

Ao contrário do que possa pensar-se, há uma percentagem significativa de casais que se separaram e reconciliaram pelo menos duas vezes. E não se trata apenas de casais jovens. Pelo meu gabinete passam com regularidade casais com mais de 30, 40 ou 50 anos cuja relação se transformou numa espécie de ioiô.

COMO SÃO ESTAS RELAÇÕES?

Estas relações são invariavelmente muito desgastantes. Há vários estudos que nos mostram que estas pessoas estão sistematicamente sob muito stress e a minha experiência confirma-o. Por outro lado, ouço com frequência frases como «Ele conhece-me como ninguém» ou «Ela tem um lado maravilhoso, difícil de encontrar numa relação».



Além disso, em função das discussões e dos momentos de tensão, há uma sensação de familiaridade e de conhecimento mútuo que facilita as reaproximações.

PORQUE É QUE ISTO ACONTECE?

Nalgumas relações a grande dificuldade está relacionada com o compromisso. Há afeto e vontade de estarem juntos mas apenas até certo ponto. Aquilo que observo na minha prática clínica é que algumas pessoas não estão realmente comprometidas com a pessoa que dizem amar – desejam tirar partido do melhor que a relação tiver para oferecer MAS não estão dispostas a viver de acordo com as obrigações que uma relação de compromisso costuma requerer (fidelidade, cedências, satisfações).

Noutros casos, há afeto, há compromisso mas há demasiados assuntos por resolver a propósito da bagagem emocional de cada um.



Por exemplo, se uma mulher tiver assistido a constantes infidelidades do pai e à aparente aceitação desses comportamentos da parte da mãe, é muito mais provável que dê por si a reproduzir um padrão de condescendência em relação a erros sérios do companheiro (mesmo que durante toda a vida tenha dito a si mesma que jamais se comportaria como a mãe).

É sempre difícil lidar com a solidão e a tristeza que resultam de um processo de separação e isso faz com que para algumas pessoas seja mais fácil voltar atrás na decisão de se separarem. Lamentavelmente, os motivos que levaram à insatisfação e à rutura, de uma maneira geral, não desaparecem e a repetição destes ciclos tende a deteriorar cada vez mais a autoestima.

COMO É QUE SE INTERROMPE ESTE PADRÃO?

Perspetivar a própria vida a longo prazo pode ajudar a fazer uma escolha definitiva. Se tem sido apanhado(a) nestes ciclos, pare para pensar:



Olhar para o futuro pode ajudar a encarar a realidade tal como ela é (e não como legitimamente gostaria que fosse).

A cada reconciliação podem surgir pensamentos como «Onde é que eu estava com a cabeça para acabar a relação? Nunca vou encontrar alguém tão inteligente, tão meigo ou tão atraente». Mas será mesmo assim? Por que motivos se separou? Houve alguma mudança? Se não houve, é só uma questão de tempo até voltar a sentir-se infeliz ao lado desta pessoa. Se o círculo se mantiver, que riscos corre? Como estará a sua vida daqui a alguns anos?

Aproveite a separação para refletir sobre aquilo que quer para si, para a sua relação. Faça uma lista das necessidades de que não é capaz de abdicar e procure responder de forma honesta à questão “o meu companheiro é capaz de vir ao encontro destas necessidades? “.

Pedir ajuda terapêutica pode ser muito importante para perceber a origem dos problemas e identificar caminhos mais saudáveis. Um terapeuta experiente ajudá-lo-á a revisitar as experiências que possam ter contribuído para a construção destes círculos viciosos bem como a gerir as emoções associadas a cada escolha.


Não é fácil libertarmo-nos de padrões de comportamento que estão enraizados há anos mas com ajuda psicoterapêutica isso é possível. 
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