Consultório            Facebook           Instagram            YouTube            Página Inicial


13.3.18

DÚVIDAS NO AMOR – COMO SABER SE ACABOU OU VALE A PENA CONTINUAR


No início são só certezas. Quando nos sentimos apaixonados, há uma espécie de “demência” que faz com que todos os defeitos da pessoa que amamos sejam desvalorizados e tenhamos a certeza de que é para sempre. Sabemos que não há relações perfeitas mas, no auge da paixão, chegamos a acreditar que a nossa anda lá perto. Quando surgem dúvidas, quando damos por nós a perguntar «Será que quero que seja para sempre?», o que é que isso significa? Quer dizer que o amor acabou?


Há muitas pessoas que me pedem ajuda (individualmente) porque não sabem se hão de terminar a relação ou continuar. Sentem dúvidas e, de uma maneira geral, vivem muito angustiadas com isso. Se se tratar de uma relação longa e com filhos, é natural que o medo seja maior. Afinal, o investimento ao longo dos anos deu lugar à sensação de pertença e à crença de que pudesse ser mesmo para sempre. Quando os sentimentos mudam e as dúvidas aparecem, é importante parar para analisar o que está a acontecer.

A ATRAÇÃO POR OUTRA PESSOA


Muitas vezes as dúvidas não surgem porque tenha havido saturação da relação mas sim porque passou a haver atração por outra pessoa. De repente, um dos membros do casal dá por si a sentir alguma química por um amigo ou um colega e questiona-se: «Será normal?».

Sim, é normal sentir atração por outra pessoa.


Na verdade, nem o facto de nos sentirmos apaixonados nos impede de sentir atração por outra pessoa. Aquilo que faz com que continuemos a querer estar ao lado de alguém e desejar que possa ser para sempre não é o facto de só nos sentirmos atraídos por essa pessoa, é o compromisso. Nós escolhemos uma relação de compromisso, que implica sermos fiéis, porque queremos estar ao lado daquela pessoa e construir o nosso futuro com ela. Na maioria dos casos isso implica sonhos a dois, um ou outro interesse em comum e… a atração física.



Até podemos ter um ou outro pensamento mais maroto mas afastamo-lo porque sabemos aquilo que queremos.

Quando os pensamentos passam a estar dominados por uma terceira pessoa e já não dá para pensar em mais nada, a situação é diferente e vale a pena parar para questionar:

«O que é que eu (ainda) sinto pelo meu companheiro?»
«Que dificuldades estou a enfrentar na relação?»
«O que é que eu gostaria de mudar na minha relação?»


Se conseguir responder a estas questões, identificando problemas concretos na sua relação, é mais provável que haja esperança. Quando há apego e vontade de estar ao lado de uma pessoa mas há problemas de comunicação que criem a sensação de que haja um fosso entre os membros do casal, é mais provável que haja espaço para o aparecimento de sentimentos por outras pessoas mas isso é sobretudo um sinal de alarme para o que pode ser resolvido.

Claro que os problemas não se resolvem por magia e é preciso que ambos sejam capazes de sair da zona de conforto e reconhecer a importância de valorizar os sentimentos e as necessidades do outro para que tudo dê certo.

Se der por si a não ser capaz de identificar queixas concretas nem mudanças que gostaria que o seu companheiro fosse capaz de implementar, o afastamento pode ser maior.

AS COISAS MUDAM


Às vezes as dúvidas no amor surgem sem que haja terceiras pessoas envolvidas e estão mais relacionadas com mudanças – externas ou internas. Quando a vida a dois muda de forma drástica – numa situação de doença inesperada, numa situação de desemprego ou, pela positiva, quando um dos membros do casal progride vertiginosamente na carreira – pode não ser fácil para aquelas duas pessoas continuarem a sentir-se ligadas na medida certa. Se os mal-entendidos se avolumarem, se não houver tempo ou oportunidade para continuar a namorar e, sobretudo, se um dos membros do casal se sentir continuamente desamparado e não houver disponibilidade para dialogar de forma franca, é natural que surjam dúvidas no relacionamento.

Algumas mudanças não têm tanto a ver com a logística da vida familiar ou com quaisquer questões práticas mas estão mais relacionadas com o desenvolvimento pessoal, o amadurecimento e a evolução de cada um.

Um casal pode sentir-se unido com vinte e poucos anos e fazer planos para uma vida a dois e dar-se conta de que, com quarenta, são pessoas incompatíveis.



Se acha que as mudanças por que tem passado o(a) têm afastado do seu companheiro e tem dúvidas sobre a vossa relação, procure prestar muita atenção aos sentimentos:

«O que é que eu sinto pelo meu companheiro?»
«O que é que eu gostaria que mudasse na nossa relação?»
«Como é que eu gostaria que a minha vida estivesse daqui a cinco anos?»


Se a ideia de continuar ao lado desta pessoa for inimaginável para si, o mais provável é que já se tenha desvinculado do ponto de vista romântico, ainda que sinta uma grande estima por esta pessoa. Mas se, apesar de algumas dúvidas, continuar a fazer sentido para si imaginar a sua vida ao lado desta pessoa, é tempo de parar para conversar abertamente sobre as expectativas e as necessidades de cada um. Não é fácil enfrentar este tipo de dificuldades mas o diálogo sincero é o único caminho para que a distância possa ser encurtada e ambos possam voltar a sentir-se felizes. De uma forma ou de outra.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Terapia Familiar e de Casal em Lisboa