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3.8.11

O QUE MUDA COM O NASCIMENTO DO PRIMEIRO FILHO

A maior parte das pessoas que já passou por esta etapa dirá que muda tudo. Alguns di-lo-ão com um misto de nostalgia e de aceitação, evidenciando saudades dos tempos em que os compromissos e as responsabilidades eram muito menores mas, ao mesmo tempo, a satisfação de quem se sente realizado com o papel parental. Outros enfatizam mais o lado negativo, porventura porque (ainda) não foram capazes de se adaptar às mudanças que resultam desta etapa do ciclo de vida. E há ainda aquelas pessoas cujos filhos já não são bebés e que estão felizes com a sua escolha e que, por isso, minimizam as desvantagens desta etapa e transmitem mensagens optimistas e despreocupadas.

Independentemente das especificidades de cada relação conjugal, a verdade é que a chegada do primeiro filho é provavelmente a maior mudança por que um casal passa ao longo da sua vida. De facto, tudo muda mais ou menos em pouco tempo e nalguns casos até as fundações da relação são afectadas pelas alterações que se impõem. As dificuldades que a maior parte dos papás e mamãs de primeira viagem enfrentam estão mais relacionadas com aquilo que não é nem pode ser previsto no planeamento familiar. Refiro-me às mudanças emocionais que resultam deste passo e que nem sempre são equivalentes no homem e na mulher. Para além das flutuações hormonais a que a mulher está sujeita ao longo da gravidez e depois do parto - e que são responsáveis por alguma labilidade emocional difícil de gerir por quem está à sua volta -, há mudanças que surgem aquando da assunção do papel parental e que não foram equacionadas. O amor que um pai e uma mãe experimentam logo depois do nascimento do seu primeiro filho é de tal modo intenso, avassalador e inovador que produz muitas vezes interrogações que nunca haviam surgido. Às vezes a mulher muda radicalmente de opinião em relação à possibilidade de ficar em casa a tempo inteiro com o seu bebé, levando a que o marido se sinta incapaz de compreender esta mudança de planos. Noutros casos é o marido que experimenta medos e preocupações que não previra e que o levam a querer abdicar de qualquer saída a dois, mesmo que isso implique que o bebé fique ao cuidado dos avós.

A par destas mudanças internas, que são legítimas e requerem uma comunicação clara e eficaz, existem as noites (muito) mal dormidas, o tempo que de repente se esgota, o humor irritável, o cansaço, o afastamento sexual... Sendo normal que os membros do casal atravessem um período que oscila entre o embevecimento com o seu bebé e a sensação de atropelamento, é expectável que cada um faça esforços para que a conexão não se perca. Isso passa por aceitar que não há famílias perfeitas, muito menos super-homens e super-mulheres capazes de corresponder a todas as expectativas e de desempenhar com sucesso todos os papéis. A mudança requer adaptação e para isso é preciso tempo e tolerância. É verdade que nalguns casos tudo parece muito simples mas as comparações com outros casais são inúteis e desgastantes. Cada caso é único e as necessidades de cada pessoa merecem ser claramente expostas para que a negociação exista e o sonho que esteve na origem da formação daquela família possa continuar a ser alimentado.
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