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10.10.13

COMPROMISSO NUMA RELAÇÃO


Consegue identificar o que distingue uma amizade colorida de uma relação de compromisso? Consegue descrever, de forma simples e clara, o que é o compromisso numa relação? De que compromissos é feita a sua relação?

A maior parte das pessoas que me procuram em contexto de terapia de casal ambicionam voltar a sentir-se seguras na sua relação. São maioritariamente pessoas casadas ou em união de facto mas isso está longe de ser uma prova de que tenham alcançado o objetivo de viver numa relação marcada pelo compromisso. De resto, alguns problemas de quebra de confiança – como acontece em todos os casos de infidelidade, mas não só – estão precisamente relacionados com o facto de aquelas pessoas terem decidido comprometer-se através do casamento, desconhecendo o conceito de compromisso.

Coloque a si mesmo o seguinte desafio: como explicaria a uma criança de 5 anos o que é um compromisso? Acha que é capaz de o fazer de uma maneira suficientemente descomplicada? Começo por dar-lhe uma ajuda: o dicionário define esta palavra como uma obrigação, uma promessa mútua.

A verdade é que conheço muitos adultos que, no seu dia-a-dia, confundem o conceito de compromisso com o conceito de contribuição. E há muitas relações que assentam muito mais no princípio da contribuição do que propriamente num conjunto de compromissos. Se nos referirmos a uma área da vida a dois tão comezinha quanto as tarefas domésticas, é relativamente fácil perceber que há pessoas que acham que são capazes de se comprometer quando, na prática, estão apenas aptas a contribuir. Se o meu marido me disser que está disposto a assumir o compromisso de ser ele a aspirar a casa mas não for capaz de me dizer quando ou quantas vezes por semana o fará, na prática não está a assumir qualquer compromisso. É verdade que está a fazer uma promessa. E até é possível que, ao fim de uma semana, tenha completado esta tarefa mais do que uma vez.

Então, o que é que caracteriza um compromisso?

  1. A MANIFESTAÇÃO PÚBLICA DE UMA INTENÇÃO, isto é, a pessoa anuncia oralmente ou por escrito aquilo com que está disposta a comprometer-se.
  2. A IDENTIFICAÇÃO DE UM PRAZO OU DE UMA DATA ESPECÍFICA para a concretização da ação com que a pessoa se compromete. Muitas vezes é preciso que fique claro qual é a data de início e qual é a data de conclusão da tarefa.
  3. A CONCRETIZAÇÃO DA AÇÃO com que a pessoa se comprometeu.

Assim, é mais fácil perceber que, para que eu sinta que o meu marido é capaz de se comprometer comigo na realização de uma simples tarefa doméstica, seria preciso que ele dissesse algo como “Eu prometo que aspiro a casa todos os sábados de manhã” e, claro, que cumprisse a promessa.

Mas a vida a dois é muito mais rica e desafiante do que a mera gestão das tarefas domésticas e há obrigações/ promessas bem mais difíceis de concretizar.

A maior parte das pessoas – casadas e não só – estão familiarizadas com a expressão “PROMETO SER-TE FIEL, AMAR-TE E RESPEITAR-TE, NA ALEGRIA E NA TRISTEZA, NA SAÚDE E NA DOENÇA, TODOS OS DIAS DA NOSSA VIDA”. Mas quantas pessoas – casadas ou em união de facto – podem gabar-se de se sentirem verdadeiramente amadas ou mesmo respeitadas? E que esforços são capazes de fazer para que o cônjuge também se sinta assim?


Fazer promessas é relativamente fácil. Assumir e concretizar compromissos é bem mais difícil. Mas é a única via que eu conheço para que duas pessoas possam continuar a desejar estar numa relação.
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