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30.9.10

IMPACTO DO STRESS NOS BEBÉS

É amplamente conhecida a importância da construção de uma relação afectiva segura entre um recém-nascido e os seus pais/ cuidadores. Tal como a alimentação é fundamental para que o bebé cresça fisicamente saudável, a nutrição afectiva é indissociável de um desenvolvimento emocional ajustado. Mesmo que nunca tenha ouvido falar em teorias sobre a vinculação, o leitor saberá com certeza que os primeiros meses e anos de vida de uma criança são a base para a construção de uma auto-estima saudável e que, da segurança dos afectos nesta fase da vida, dependerá em larga medida a forma como aquela criança, já na idade adulta, enfrentará a pressão e o stress.

Já aqui falei sobre o impacto da depressão pós-parto na construção de um vínculo seguro entre a mãe e o bebé e nos mecanismos de defesa que a criança é forçada a desenvolver quando é exposta a alguma forma de negligência afectiva. A pesquisa a que me refiro hoje vem reforçar uma hipótese que há muito vem sendo discutida sobre esta matéria e que tem a ver com a possibilidade de o stress nestes primeiros tempos de vida poder determinar alterações profundas (nomeadamente na estrutura do ADN) e assim implicar alterações comportamentais duradouras com efeito sobre a nossa saúde mental.

Este efeito a que chamamos epigenética pode ser resumido no facto de as experiências, neste caso emocionalmente intensas como as que resultam da negligência parental, poderem alterar os nossos genes. Estas evidências já eram conhecidas na área da oncologia e da obesidade. Um estudo recente veio mostrar que, nos animais, estas alterações são generalizáveis à actividade genética das regiões do cérebro que controlam a saúde mental. Os investigadores analisaram o impacto da atenção maternal na produção de um neurotransmissor que é responsável pela regulação das emoções e que está em défice entre as pessoas com esquizofrenia.

Estes resultados sugerem que o ambiente afectivo nos primeiros tempos de vida do bebé pode conduzir a alterações moleculares  que afectam o funcionamento do cérebro e que pode determinar a predisposição de uma criança para a doença mental.
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