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11.2.16

MULHERES QUE AMAM DEMAIS


São mulheres que estão sistematicamente à procura do afeto de homens que as maltratam - física  e/ou psicologicamente. E quem são estes homens? Alguns são alcoólicos, dependentes de substâncias, explosivos, demasiado centrados em si mesmos, com aversão a ligações íntimas, incapazes de construir laços duradouros e/ou com uma série de outros problemas de personalidade.

Algumas mulheres pura e simplesmente parecem ligar-se com mais frequência a homens que JAMAIS  as farão felizes. Sentem-se infelizes, culpadas e muitas vezes deprimidas por lutarem - tantas vezes durante anos - pelo amor de alguém que não é capaz de mostrar que se preocupa com as suas necessidades, que não  é capaz de cuidar.

Apesar de em muitos destes casos os homens assumirem comportamentos claramente abusivos, apesar dos inúmeros episódios de rejeição e de humilhação,  apesar da ausência  física e/ou emocional (às vezes o companheiro desaparece por períodos mais ou menos prolongados), estas mulheres continuam a lutar pela relação (muitas vezes de forma obsessiva). 


A minha experiência clínica e os estudos feitos nesta área apontam quase sempre no mesmo sentido: É como se estas mulheres procurassem sempre o mesmo amor - aquele que não tiveram na infância. Trata-se muitas vezes de mulheres cujos progenitores – um ou ambos – se mostraram ausentes, indisponíveis do ponto de vista afetivo. Esta indisponibilidade pode dever-se a características de personalidade, alcoolismo, abuso de substâncias, comportamentos violentos ou outros problemas.

É como se em muitos destes casos a mulher, que enquanto criança não conseguiu conquistar o afeto do(s) progenitor(es), estivesse sistematicamente a tentar fazê-lo com parceiros amorosos que se mostrem igualmente indisponíveis para responder com afeto às suas necessidades. Não tendo sido bem-sucedidas na infância, repetem o padrão até à exaustão – tentando de novo, e de novo, e de novo…

Esta preocupação extrema em agradar, em fazer aquilo que, aos seus olhos, lhes permita conquistar o afeto do parceiro, leva-as quase sempre a olhar para a realidade de forma MUITO distorcida. Aliás, muitas vezes, elas mostram-se incapazes de reparar no que quer que seja para além do comportamento do parceiro. É como se tudo o resto fosse pouco importante – incluindo elas mesmas.

Paradoxalmente, estas são muitas vezes mulheres que rejeitam qualquer relacionamento com homens “bonzinhos”. Como se esses relacionamentos fossem entediantes, sem sal, pouco interessantes. Os homens que se mostram emocionalmente disponíveis e que são capazes de responder com afeto às suas necessidades são vistos como desinteressantes porque não se encaixam no padrão de relacionamento a que estas mulheres estão habituadas.

Porque é que isto acontece?

Esta espécie de “cegueira” é um mecanismo de defesa. Os pensamentos obsessivos são uma forma de a mulher evitar lidar com algo mais profundo e desagradável. O quê? Isso varia de mulher para mulher. Nalguns casos o problema está na dificuldade (da própria mulher) em lidar com a verdadeira intimidade emocional. Noutros há o medo de revelar coisas horríveis acerca de si mesma. Ou a sensação de que não é merecedora do amor de ninguém. Ou ainda o medo de ser controlada e dominada por um homem autoritário (normalmente representado pelo pai). Mas estes pensamentos obsessivos também podem camuflar sentimentos profundos de depressão, ansiedade ou desespero.


Com a ajuda da psicoterapia e com o reconhecimento do problema. Não basta pedir ajuda. É preciso – fundamental! – haver compromisso com o processo terapêutico, genuína vontade de romper com padrões de relacionamento destrutivos. A terapia costuma ser longa – precisamente porque há questões profundas a tratar – mas é um caminho frutuoso. Não basta que a mulher aceda a informação rigorosa sobre o seu problema. É preciso aprender a viver de forma diferente. Nem sempre é fácil arrancar as “palas” dos olhos destas mulheres e ajudá-las a olhar para a realidade como ela é. Mas é gratificante.
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