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28.8.18

5 DICAS PARA CONTINUAR A NAMORAR DEPOIS DE TER FILHOS


Quando os filhos nascem, boa parte da nossa energia é canalizada para o papel de pais e mães. Na ânsia de querermos estar presentes nas suas vidas, continuarmos a progredir na carreira e cumprir com todas as responsabilidades que escolhemos, nem sempre conseguimos prestar a devida atenção à relação de casal. O que é que é preciso fazer para continuar a alimentar o amor romântico? O que é que cada um pode fazer para que a chama se mantenha acesa? 


Quando duas pessoas escolhem ter filhos fazem-no quase sempre conscientes de que a vida vai mudar. Talvez seja também por isso que somos pais cada vez mais tarde. Queremos aproveitar a liberdade que sabemos que só existe quando não há filhos, queremos estabilizar em termos profissionais e financeiros, queremos conhecer o mundo e, claro, queremos ter a certeza de que o passo será dado com a pessoa certa.

Mas não há nada que nos prepare totalmentepara a realidade da parentalidade.


Primeiro, porque uma coisa são as descrições que possamos ouvir e outra, bem diferente, é viver a experiência.



E essa constatação – de que podemos sentir coisas tão bonitas e tão intensas por alguém que acabou de nascer – é avassaladora. Depois, vem a parte do desgaste: toda a gente já passou noites em claro, toda a gente sabe o que é sentir-se exausto… até ser pai ou mãe e constatar que ver os sonos entrecortados durante meses é bem diferente de perder uma ou duas noites pontualmente.

TUDO PASSA


As crianças crescem e as dificuldades dissipam-se. De resto, se nos lembrarmos precisamente de dizer a nós próprios «Isto vai passar, é só uma fase», é mais provável que consigamos encarar com otimismo os momentos mais difíceis. Porque é verdade. Tudo passa. As crianças tornam-se cada vez mais autónomas, nós vamo-nos familiarizando com aquilo que é preciso fazer e vamo-nos sentindo mais seguros e mais entusiasmados enquanto pais e mães. 

Aquilo que (quase) ninguém nos diz é que é preciso muita disciplina para conseguirmos continuar a fazer as coisas que até aí nos faziam felizes e que ajudam a alimentar uma relação amorosa. As prioridades mudam, o nosso foco muda e nem sempre conseguimos reparar naquilo que estamos ou não a investir em termos amorosos. O mais fácil é desligarmo-nos um bocadinho (ou um bocadão) e deixarmos que as novas rotinas tomem conta da nossa vida sem questionarmos:

«O que é que eu estou a fazer para quea minha relação continue a dar certo?»




Claro que há alturas em que o tempo e a energia escasseiam e a relação passa para segundo plano. Faz parte. Mas se, entretanto, passar muito tempo, é mais provável que, pelo menos para um dos membros do casal, surjam dúvidas:

«Será que ainda gosto dele/a?»«Será que ele/ela ainda gosta de mim?»«É esta a relação que quero ter?»


MANTER A CHAMA ACESA


Somos cada vez mais exigentes em relação ao amor. A geração dos nossos pais e dos nossos avós estava disposta a muito mais sacrifícios em nome da manutenção da família. Durante muito tempo, fecharam os olhos aos próprios sentimentos e o divórcio não era opção. Se o amor romântico desaparecesse, paciência. Se o desejo sexual se esfumasse, paciência. Hoje nós queremos que a pessoa que escolhemos “para a vida toda” seja, na verdade, o melhor pai/ a melhor mãe do mundo, o/a melhor amigo/a, o/a amante, o companheiro, a pessoa que nos faça sentir especiais, desejados, interessantes e entusiasmados. Queremos a estabilidade e a segurança de qualquer família tradicional e a adrenalina e a novidade do início de uma paixão.

Sabemos, em teoria, que ter filhos muda muita coisa e que, pelo menos durante os primeiros meses, o tempo para namorar vai escassear, que é provável que haja menos desejo sexual e que a atenção será, no mínimo, dividida.

A prática é quase sempre ainda mais desafiante. É por isso que há escolhas que podemos fazer para continuarmos a sentir-nos ligados à pessoa que escolhemos:

#1: TEMPO A SÓS


Não é tempo a dois. É tempo a sós. Para limpar a cabeça, para fazer aquelas coisas de que gostamos, que nos relaxam e que nos ajudam a ter mais paciência e capacidade para lidar com as dificuldades. Para algumas pessoas isso equivale a ter tempo para ir ao ginásio. Para outras pode significar ter tempo para ver uma série de televisão. Ou para ir ao café. Ou para não fazer nada. Como não há milagres, para que qualquer uma destas coisas aconteçam é importante que o outro membro do casal colabore, assumindo o controlo dos afazeres. A verdade é que estas pausas ajudá-los-ão a viver com a sensação de que são uma equipa coesa.

#2: TEMPO A DOIS


Tenho trabalhado com muitos casais que perguntam aos filhos se eles se importam que os pais saiam para jantar a dois, colocando sobre os seus pequeninos ombros a responsabilidade de fazer uma escolha. A verdade é que as crianças têm todo o direito de querer passar todo o tempo do mundo com os pais, têm o direito de fazer birra quando os pais saem sem elas… têm o direito de ser crianças. Os pais têm o direito de ficar com o coração apertadinho por saírem sem os filhos. Também é assim quando eles nos pedem para não irmos trabalhar, não é? Não é justo que as coloquemos numa posição em que tenham de escolher entre satisfazer o seu próprio desejo e cuidar da nossa relação. E a verdade é que as crianças não precisam de acompanhar os pais em todas as saídas MAS precisam que os pais continuem a cuidar da sua relação. Sair a dois NÃO É ir às compras ou ao médico. É aprumarem-se para um momento em que possam conversar, divertir-se, relaxar ou pura e simplesmente namorar.

#3: CONVERSAR


Todos os casais conversam mas nem todos mantêm a capacidade de escutar, prestar (muita) atenção, olhar um para o outro com curiosidade. É claro que quando há crianças pequenas a solicitar a nossa atenção a cada 5 segundos nem sempre é fácil dar o melhor de nós à pessoa que amamos. Mas é fundamental que mantenhamos a disciplina de querer saber. Perguntar «Como foi o teu dia?» e prestar (mesmo) atenção à resposta, fazer perguntas que nos ajudem a perceber como é que o outro se sente, quais são as suas preocupações, os seus sonhos, as coisas que têm mexido com ele/a é meio caminho para manter a ligação. A coisa mais fácil do mundo é deixarmos de prestar atenção às conversas banais, às pequenas coisas do dia-a-dia, como se, depois de termos filhos, só houvesse disponibilidade para os grandes assuntos. Mas essa postura faz com que sintamos que a pessoa que está ao nosso lado não quer saber, não se interessa. E deixa-nos infinitamente mais vulneráveis. Os nossos gostos e interesses mudam muito ao longo do tempo e é mesmo muito fácil deixarmos de estar a par das músicas, dos livros ou das séries de televisão de que o nosso companheiro gosta. Ainda há pouco tempo os membros de um casal descobriram – no meu gabinete – que gostavam do mesmo cantor.

#4: TOCAR


Quando os filhos nascem, descobrimos que há uma fonte inesgotável de beijos e abraços que temos para dar. E nem sempre reparamos no facto de o toque dos nossos filhos vir preencher uma boa parte das nossas necessidades afetivas. A verdade é que algumas pessoas transferem (inconscientemente) os gestos de afeto que havia na relação amorosa para a relação com os filhos. Às vezes o casal só se toca para se cumprimentar e durante o ato sexual. Escusado será dizer que nós precisamos do toque para manter a ligação. Como referi antes, precisamos de nos sentir desejados. Precisamos de sentir que somos especiais. E não há nada que traduza mais desejo do que os gestos de afeto. Algumas pessoas dir-me-ão que é mais difícil manter os beijos, os abraços e as carícias quando há menos horas de sono, mais cansaço, mais discussões e mais dificuldades de comunicação em geral. E eu acrescento que é muito mais provável que os arrufos sejam ultrapassados se nos mantivermos disponíveis para mostrar o que sentimos sob a forma dos gestos de afeto e se não estivermos obcecados em mostrar que temos razão.

#5: APIMENTAR


Não é preciso percorrer todas as páginas do Kamasutra nem é preciso comprar lingerie nova todos os dias. Mas é importante que consigamos reconhecer a importância do desejo e da novidade numa relação. Combater a monotonia tem mais a ver com a possibilidade de aproveitar as oportunidades que surjam para viver experiências novas ou excitantes. Imagine que um amigo lhe pede para regar as plantas ou tratar dos animais enquanto vai de férias. Essa é uma oportunidade para levar o seu companheiro e… namorar num sítio diferente. Há quanto tempo não faz alguma coisa pela primeira vez com o seu parceiro? Conhece as fantasias dele/a?

Amar de olhos abertos e fazer escolhas que protejam a nossa relação não é sempre fácil. É preciso lembrarmo-nos das nossas intenções, daquilo que queremos para nós e daquilo que é preciso fazer para que, à medida que os filhos cresçam (e, inevitavelmente, se autonomizem), continue a fazer sentido continuar ao lado daquela pessoa.
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