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3.2.20

À PROCURA DA ALMA GÉMEA


À procura da alma gémea


Dá por si a dizer “Eu sou muito exigente no amor”, ao mesmo tempo que coleciona relações que teimam em não dar certo? Viveu uma grande amor e mais nenhuma relação foi capaz de o(a) prender? Estas duas situações podem ser armadilhas que o(a) impedem de construir uma relação estável. Saiba porquê.

Já falei sobre o facto de existirem diferentes formas de amar AQUI. Uma percentagem considerável da população (mais ou menos 20 por cento) encaixa-se no perfil EVITANTE. Os evitantes são pessoas que valorizam muito a sua independência, têm pouca paciência para lidar com a “dependência” e a ansiedade de qualquer companheiro(a) romântico(a) e têm muita dificuldade em construir ligações com grande intimidade emocional. Esta descrição talvez o(a) remeta para os bad boys mulherengos, que fogem do compromisso a sete pés. Mas a minha prática clínica e os estudos feitos nesta área mostram que há muitas mulheres com um padrão de vinculação evitante também. Além disso, os evitantes podem assumir uma postura que nos leve a acreditar que procuram uma relação de compromisso baseada na intimidade profunda, pelo que não são só os típicos Casanova.



À procura do(a) tal


Já lhe aconteceu apaixonar-se por uma pessoa que você acha que é incrível e, de repente, começar a reparar em defeitos ou hábitos irritantes, como a forma como a pessoa come ou dança? O mais provável é que dê por si a pensar que é normal e que isso significa simplesmente que você não está assim tão apaixonado(a) por aquela pessoa. A última coisa que lhe passará pela cabeça é que essa possa ser uma estratégia do seu cérebro, que o(a) impede de construir relações emocionalmente profundas.

O padrão de vinculação amorosa evitante resulta das experiências por que a pessoa passou – quer ao longo da sua infância, quer noutras relações amorosas. Não é algo de que a pessoa tenha consciência, nem é uma escolha propositada. É, sobretudo, uma forma de amar a que a pessoa se habituou, sem questionar.



Muitas vezes, a pessoa está de facto convencida
de que tem dado o seu melhor em busca da relação
“perfeita” e ignora que é ela mesma que tem sabotado
qualquer hipótese de construir uma relação estável
porque tem adotado comportamentos que facilmente
colocam potenciais companheiros à distância.




Uma dessas armadilhas é precisamente a idealização de um(a) companheiro(a) perfeito(a). A própria pessoa convence-se de que o(a) tal está algures ao virar da esquina e acaba por focar-se de forma excessiva nos defeitos da pessoa que tem ao seu lado. De uma maneira geral, a pessoa começa por assumir que quer ter uma relação “séria”, acabando por criar expectativas na outra, mas, à medida que a relação se vai estreitando, é mais provável que um(a) evitante se sinta progressivamente asfixiado(a) e sobrevalorize os defeitos da pessoa de quem gosta.

Dificuldade em esquecer um grande amor

Outra estratégia – inconsciente – das pessoas com um perfil evitante passa por acordarem um dia, depois de uma relação ter terminado, a achar que a pessoa X foi o grande amor da sua vida. Isto pode acontecer na sequência de essa pessoa revelar que vai casar ou simplesmente muito tempo depois do fim da relação. De uma maneira ou de outra, a pessoa com um perfil evitante diz a si mesma que já não tem qualquer hipótese com aquele(a) ex-namorado(a) e alimenta estes sentimentos românticos que a impedirão, claro, de se ligar a qualquer nova pessoa que apareça. Neste caso, a distância em relação ao(à) EX faz com que os defeitos daquela pessoa (que foram amplamente exacerbados na altura) passem a ser desvalorizados (e as qualidades sejam sobrevalorizadas).

Quando um evitante se afasta da pessoa de quem gosta, os sentimentos e a admiração pelas suas qualidades regressam!


A distância permite que a sensação de ameaça que a intimidade provoca desapareça e os verdadeiros sentimentos reapareçam. Às tantas a pessoa já nem se lembra dos motivos que a levaram a querer terminar a relação (ou dos comportamentos que adotou e que fizeram com que a outra pessoa quisesse terminar). Coloca-a num pedestal e isso serve para sabotar novas relações.

Nalguns destes casos, a pessoa tenta uma reaproximação para, logo de seguida, esbarrar nos “defeitos” da outra pessoa e se afastar de novo num círculo vicioso interminável.

Esconder-se das próprias emoções… até quando?

Estas pessoas podem passar toda a vida neste registo, sem terem a consciência de que estão a fugir de relações íntimas, mas também há casos em que as pessoas conseguem mudar e conseguem dar-se conta daquilo que está a atrapalhar a sua felicidade. Isto pode acontecer quando a pessoa dá por si numa solidão profunda - por exemplo, quando repara que todas as pessoas à sua volta estão casadas ou em relações sérias. Noutros casos, esta viragem acontece quando há um acontecimento impactante, como uma doença séria ou algo que faça com que a pessoa desperte para a finitude da vida e se questione sobre o que quer para si. Nestas alturas, pode tomar consciência de que a tal independência não é suficiente para si e pede ajuda especializada. A terapia não faz milagres, mas pode ser uma primeira oportunidade para o autoconhecimento e para que surjam mudanças que abram espaço para uma vida mais feliz e realizada.
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