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20.4.20

ENCONTRAR O AMOR NA INTERNET


Amor na Internet


É possível encontrar o amor através da Internet? Que diferenças existem entre os encontros online e os encontros na vida real? Que comportamentos devemos ter para evitar perder tempo e energia com quem possa estar apenas à procura de um engate?


A Internet veio facilitar – e muito – a vida dos adultos à procura de um relacionamento. Há uns anos, quando alguém se separava, tinha de lidar com a dificuldade em conhecer pessoas novas. A sensação que muitas pessoas recém-separadas tinham era de que teriam de fazer muitas escolhas que as obrigariam a sair muito da sua zona de conforto para encontrar um(a) novo(a) companheiro(a) romântico.




Quantas pessoas precisamos de conhecer até encontrar “a tal”?

Não é por acaso que ouvimos falar da “química” do amor. A maioria de nós não se apaixona com facilidade. Podemos sentir-nos atraídos por algumas pessoas, podemos considera-las interessantes de muitos pontos de vista e, ainda assim, podemos constatar que simplesmente não há faísca.



O professor John Gottman, provavelmente um dos mais reconhecidos investigadores na área da conjugalidade (ao ponto de a revista Psychology Today o apelidar de “Einstein do Amor”), contou a determinada altura como é que conheceu a sua mulher, a professora Julie Gottman, com quem está casado há mais de trinta anos. Apesar de o seu trabalho estar centrado na investigação sobre os motivos por que algumas relações resultam e outras falham, John Gottman tinha ultrapassado a barreira dos 40 anos, estava divorciado há sete e colecionava relações mal-sucedidas. Antes de recomeçarem as aulas na universidade, aproveitando o tempo livre de que dispunha, decidiu conhecer o maior número de mulheres que conseguisse. Na altura (1986), não havia Internet e Gottman decidiu responder a todos os anúncios pessoais que encontrasse nos jornais. Em seis semanas, conheceu sessenta mulheres. Sessenta! Julie foi a 61ª. Primeiro, trocaram números de telefone e conversaram durante mais de quatro horas seguidas, sentindo uma empatia imediata. Depois, combinaram um encontro num bar. John Gottman chegou cedo e deu por si a observar as mulheres que entravam no bar interrogando-se «Será que esta é que é a Julie?». Algumas mulheres não (lhe) pareciam muito interessantes e Gottman dava por si a pensar «Espero que não seja esta». Quando Julie entrou no bar, Gottman gostou da sua aparência e pensou «Espero que seja esta». Conversaram, ela riu-se das suas piadas e, no segundo encontro, Gottman sabia que ela era “a tal”.


Nos dias de hoje o que não faltam são opções. Entre o Tinder, o Facebook e os mais variados sites de encontros, sabemos que é muito mais fácil conhecer muitas pessoas em pouco tempo através da Internet do que na vida real. Mas isso não significa que a tarefa seja fácil, sobretudo para quem busca mais do que relações ocasionais.

Um dos primeiros desafios que qualquer pessoa terá de enfrentar se estiver na disposição de procurar um novo amor na Internet tem precisamente a ver com este paradoxo da escolha: O facto de haver tanta oferta tende a baralhar-nos. É como se o facto de sabermos que há milhares de pessoas “disponíveis” nos tornasse menos tolerantes a pequenas falhas e menos pacientes para conhecer melhor cada pessoa com quem nos cruzemos.

As relações que começam online tendem a ser mais curtas porque, de uma maneira geral, as expectativas dos utilizadores são maiores.


O facto de haver aparentemente tanta oferta faz com que também seja mais fácil afastar potenciais companheiros românticos - mesmo que os consideremos interessantes - na esperança de que seja possível encontrar alguém (ainda) melhor.

Qual é o perfil de quem procura o amor na Internet?


Na verdade, há muitos perfis. Na Internet, tal como na vida real, a percentagem de pessoas que procuram relações sem grandes compromissos é maior. Já falei sobre isso AQUI a propósito dos estilos de vinculação amorosa. As pessoas com um estilo de vinculação evitante sentem-se pouco confortáveis com níveis elevados de intimidade emocional e, por isso, têm relações mais curtas, voltam muito mais vezes ao “mercado” dos solteiros e fazem-no de forma mais ativa. É por isso que algumas pessoas se queixam porque aparentemente estão sempre a relacionar-se com as pessoas “erradas”.

Saiba qual é o seu estilo de vinculação – e a pessoa certa para si – AQUI.

A Internet é um mundo “à parte” porque, como é fácil de perceber, permite que haja uma série de passos que sejam dados sob anonimato ou com dados falsos que, cá fora, seriam mais rapidamente detetados. Online há um risco maior de começarmos a conversar com alguém cujas intenções pareçam uma coisa e sejam, na realidade outra.

Mas nem tudo é mau! Aquilo que várias pesquisas demonstram é que quem está na Internet à procura do amor são normalmente pessoas que investem muita energia e às vezes até dinheiro nesta busca. Sim, há quem pague para ter acesso a conteúdos exclusivos ou para que um “especialista” encontre a “alma gémea”. Isto também pode mostrar alguma motivação extra para construir uma relação, por oposição àquela ideia feita de que na Internet só se encontra pessoas à procura de engates.

As pessoas mais velhas também recorrem à Internet?


Sim, mas tendem a ser mais seletivas - em particular as mulheres. Depois de uma certa idade, e, sobretudo, depois de uma ou mais relações significativas de longa duração, tendemos a definir de forma mais precisa aquilo que queremos e aquilo que não queremos para nós. Tem havido um crescimento no número de pessoas com 50 e 60 anos que utilizam a Internet para encontrar um novo amor, mas estas pessoas são normalmente mais exigentes.

Quando é uma pessoa está pronta para procurar o amor na Internet?


Há muitas pessoas que criam um perfil em sites e aplicações de encontros pouco tempo depois da separação, sentindo uma mistura de excitação e insegurança. Por um lado, sentem-se genuinamente maravilhadas com as possibilidades que a Internet oferece (e que na muitas vezes não existiam quando começaram a relação anterior), mas, por outro, sentem-se assustadas com este admirável mundo novo.

É muito importante que cada pessoa avalie se se sente realmente pronta para enfrentar os desafios dos encontros digitais. O luto da relação anterior está feito? Como está a sua autoestima? Está preparado(a) para correr riscos e lidar com a rejeição?

Algumas pessoas iniciam esta procura e interrompem-na pouco tempo depois precisamente por perceberem que ainda se sentem demasiado ligadas à anterior relação ou que simplesmente não adquiriram o estofo e a estabilidade que lhes permita saborear esta aventura sem correr o risco de ver a própria autoestima destruída.

Encontrar o amor online: o que é que procura?


É uma pessoa “com um feitio complicado”? Ou a maior parte das pessoas à sua volta tendem a rotulá-lo(a) de “pragmático(a)”? Gosta muito de viajar e dá-se mal com a monotonia? Ou é uma pessoa de gostos simples e qua não lida bem com demasiada aventura? Aquilo que a ciência nos mostra é que tendemos a sentir-nos mais felizes com pessoas com quem sintamos que haja afinidade. Não, isso não quer dizer que tenhamos de encontrar alguém com os mesmos hobbies.

Antes de partir para a análise de qualquer perfil online, pare um pouco para refletir sobre si. Elabore uma “lista de valores” e organize-nos de acordo com a importância. Gaste algum tempo a refletir sobre este assunto tão sério. O que é que é realmente importante para si? Que características é que um(a) parceiro(a) romântico tem mesmo de ter? Depois, reflita sobre a sua própria experiência. A que sinais é que acha que pode estar atento(a)? Que perguntas vai precisar de colocar para perceber se a outra pessoa partilha os mesmos valores?

O que é que devo incluir no perfil? A importância da autenticidade.


Se há algo que a ciência nos oferece é a certeza de que somos muito mais felizes na medida em que tenhamos uma vida autêntica. Online as coisas não são diferentes. Você não controla a honestidade de quem está do outro lado, mas há muitas escolhas que pode fazer com o objetivo de se aproximar das pessoas certas.

No que toca à vontade de encontrar o amor, o medo pode complicar o processo. Quando uma pessoa se sente ansiosa perante a possibilidade de se sentir rejeitada, pode ser tentador mascarar a própria realidade. Por exemplo, algumas pessoas omitem, propositadamente, o facto de terem filhos com medo de serem automaticamente excluídas pela maioria dos potenciais parceiros. Mas será que vale a pena? A minha experiência mostra-me que não.

A procura do amor não é um concurso de popularidade e a sua autoestima não pode estar dependente do número de pessoas que gostam do seu perfil.

É preferível ser claro(a) e honesto(a) em relação a quem é e àquilo que quer para si. Isso aproximá-lo(a)-á das pessoas certas e permitir-lhe-á investir apenas nas pessoas que estejam dispostas a aceitá-lo(a) exatamente como é. Mesmo assim, é possível que do outro lado haja quem não seja totalmente sincero e possa tentar iludi-lo(a).

Lembre-se de que não há qualquer vantagem em criar uma personagem. Foque-se na minoria que lhe interessa.

Seja honesto(a) também nas fotografias. Não vale a pena publicar uma foto de há 10 ou 15 anos. A desilusão será maior.

Quando é que se deve marcar um encontro presencial?


Cada pessoa sabe de si, naturalmente, mas, de uma maneira geral, é desejável que ninguém gaste muito tempo a investir numa relação cuja comunicação seja apenas digital. A nossa comunicação é, sobretudo, não-verbal. Revelamo-nos muito mais cara a cara do que através de qualquer texto.

Lembre-se de que é mais fácil avaliar se outra pessoa é ou não compatível consigo em 10 minutos de conversa cara a cara do que em várias horas de análise ao perfil digital.


Quando partir para esta etapa, lembre-se de garantir a sua segurança:

·         Combine o primeiro encontro num lugar público;
·         Partilhe a sua localização com um familiar ou um(a) amigo(a);
·         Evite partilhar informações que possam ser utilizadas de forma abusiva.
·        Defina bem os seus limites. Seja claro(a) em relação a qualquer comportamento que considere inapropriado.
Ainda em relação a este primeiro encontro, é importante que procure criar condições para que ninguém se sinta (muito) pressionado:
·         Combine uma ATIVIDADE. Fazer qualquer que permita que ambos se mantenham entretidos, ainda que haja espaço para a conversa, é meio caminho para aliviar a pressão.
·         Não leve tudo demasiado a sério. Sim, você está à procura de uma relação amorosa, mas não encare um primeiro encontro como entrevista de emprego. Procure, sobretudo, avaliar se gostaria de voltar a encontrar-se com esta pessoa uma segunda vez (e não tente perceber logo se ele(a) é a pessoa certa para passar o resto da vida ao seu lado).
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