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13.11.18

ESGOTAMENTO EMOCIONAL NA RELAÇÃO CONJUGAL

Esgotamento emocional na relação conjugal

Há relações que são emocionalmente esgotantes. Há pessoas que parecem sugar toda a nossa energia com as suas queixas, exigências e manipulações. Como é que nos podemos defender destes abusos emocionais e recuperar o bem-estar?


Quando amamos uma pessoa e estamos genuinamente comprometidos com ela, fazemos aquilo que está ao nosso alcance para agradar, para ir ao encontro das suas necessidades, para a fazer feliz. Mas, para algumas pessoas, NADA parece ser suficiente. É como se, apesar de todos os esforços, houvesse sempre do que reclamar, houvesse sempre mais alguma coisa que deveria ter sido feita. E, para quem vai sendo alvo destes exercícios de manipulação, é fácil viver com a sensação constante de culpa, de insuficiência e de desvalor.

Porque é que isto acontece?

Nós acreditamos que, quando alguém está numa relação, quer o melhor para a outra pessoa. E, se a pessoa que está ao nosso lado nos disser sistematicamente que nos ama e que quer o melhor para nós, torna-se mais difícil reconhecer as suas verdadeiras intenções. É como se, apesar do sofrimento que alguns comentários provocam, nos sentíssemos sistematicamente em dívida por não estarmos a corresponder às expectativas, por não estarmos a ser capazes de fazer o outro feliz.

Aquilo que acontece nestas relações é que há uma assimetria na valorização das necessidades dos membros do casal.



Do outro lado está alguém demasiado centrado em si mesmo, que quer que a relação seja definida por si, que impõe a própria vontade demasiadas vezes e que, ainda que fale muito de igualdade e da felicidade a dois, na prática, está disposto a fazer muito pouco para ir ao encontro das necessidades da pessoa que está ao seu lado. 

Como é que estas manipulações acontecem?

De uma maneira geral, a pessoa que está habituada a manipular deseja genuinamente manter a relação e vai fazendo esforços para mostrar ao(à) companheiro(a) que é capaz de ceder, de sair da sua zona de conforto e de fazer escolhas em nome da relação. Na verdade, na maior parte das vezes faz as escolhas que traduzam a SUA vontade, ainda que vá dizendo coisas como «Fiz isto por ti». Quando é confrontado(a) com uma vontade diferente da sua, manipula, pressiona, culpa com frases do tipo:


«Se tu gostasses mesmo de mim não me pedias isso»

«Tu devias ser capaz de ceder.
É isso que se faz quando se está numa relação»

«Não me podes obrigar a fazer isso»

ou «Sinto-me pressionado(a)». 



Em terapia, estes comportamentos são facilmente identificáveis por qualquer psicólogo experiente mas, no dia-a-dia, pode ser mesmo difícil reconhecer que a pessoa que está ao nosso lado está muito mais interessada em fazer as coisas à sua maneira, independentemente do nosso bem-estar, do que com vontade de conhecer e valorizar as nossas necessidades.

Como é que eu posso saber se estou numa relação abusiva?


Muito mais do que prestar atenção aos comportamentos da pessoa que está ao nosso lado, é fundamental que sejamos capazes de prestar atenção ao nosso estado emocional. Se nos sentirmos regularmente exaustos, tristes ou nervosos, como se carregássemos toda a culpa pelos problemas da relação, é muito importante que consigamos falar com alguém que nos possa ajudar a perceber o que está a acontecer. A família e os amigos podem ajudar mas, de uma maneira geral, não têm a distância emocional que lhes permita reconhecer os comportamentos abusivos. Além disso, as pessoas mais manipuladoras dão o seu melhor para cultivar uma imagem pública de afabilidade, altruísmo e simpatia, o que pode contribuir para a descredibilização das queixas da pessoa que está a ser alvo de manipulações.

Como acabar com as manipulações?


Autocompaixão.

Há vários exercícios que nos podem ajudar a prestar atenção às nossas emoções, às nossas necessidades afetivas e a qualquer injustiça a que estejamos a ser expostos. Parar diariamente para observar as próprias emoções e registá-las por escrito é sempre muito terapêutico.


Experimente olhar para o que um episódio específico
lhe trouxe em termos emocionais. Se identificar
tristeza, culpa, sensação de obrigação ou vergonha
intensa, experimente visualizar o mesmo episódio com
outros protagonistas. O que é que diria a alguém de
quem gosta muito se essa pessoa estivesse na sua
posição? Escreva a mensagem que gostaria de dirigir
a essa pessoa a leia-a em voz alta para si.



Troca de papéis.

Este é um exercício que qualquer criança de 4 anos é capaz de realizar e que se torna cada vez mais difícil numa relação abusiva. A propósito de um episódio gerador de tensão, experimente colocar-se na posição do(a) seu(sua companheiro(a). O que é que você diria? Que escolhas faria? Veja se é capaz de reconhecer a assimetria, a existência de dois pesos e duas medidas. 

Assertividade.

Não há volta a dar. Para que as manipulações acabem, você vai ter de treinar a capacidade de dizer «Não» e dar voz, com firmeza, clareza e honestidade, àquilo de que precisa. Vai precisar de dizer muitas vezes «Basta. Não estás a respeitar-me!».

Rede social e familiar.

As pessoas que gostam de si e que genuinamente se preocupam consigo são o melhor sistema imunitário para fazer face a qualquer forma de abusos. Elas ajudam-no(a) a manter a sua autoestima e a olhar com mais discernimento para os episódios em que possa estar a ser alvo de manipulações. Alimente todas as relações afetivas que são importantes para si e não apenas a relação amorosa.

Ajuda.

Peça ajuda psicológica sempre que der por si em círculos viciosos que desgastam a sua autoestima. Quanto mais cedo pedir ajuda – individualmente ou para o casal -, mais rapidamente encontrará ferramentas para voltar a sentir-se em paz.

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